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Poesias-->UM LEVE SABOR -- 01/03/2002 - 22:03 (Phylos) |
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Sinto no ar um cheiro de lágrimas
nesse momento em que o sol morre
e morro junto com ele.
Há nestas tardes algo triste que me consome
e eu não consigo explicar e que me deixa distraido
com os olhos brilhantes, olhando para o vazio.
Sinto no ar um gosto de sangue.
Sou cativo destas tardes de outubro
quando vejo de minha janela as aves
descerem para a rua em busca de alimento,
me lembrando do que devia ter esquecido e enterrado.
Já não sei o que quero, nem se sofria antigamente
mais do que sofro agora.
Tenho vontade de ser eu mesmo, livre de qualquer coisa, solto no tempo
um homem frio e calculista, pronto para destruir.
Mas só sinto no ar esse cheiro cruel de solidão,
sentimento reles e becos imundos.
Preciso me livrar dessas tardes inquietas
em que sinto-me observado por olhos invisiveis
e saturado de tanto amor.
Tenho urgência em não chorar: já cansei de sonhos fúteis.
Só sinto no ar esse cheiro forte de choro e morte.
13.10.82 |
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