SENTIR AS ROSAS
O sangue é tinta poética
Que faz do verso a lição!...
Idéia vinda, com a ética
De um povo em mutação!
Quem pode sentir as rosas,
Suas pétalas formosas,
Quando além pode se ver
Miséria, fome, aflição,
O massacre da nação
E as manobras do poder?!
Ao invés de cantar os cantos
Que cantam o gola, o concriz,
Cantemos o fim dos prantos
Que só atormentam o país!
Em primeiro – a liberdade,
Altivez , dignidade
Pra que se possa inverter
Esse quadro contrastado
Por desnutrido e servado
Nas bigornas do poder!
Agora é luta, é trincheira
No palanque onde a voz
Conscientiza, é barreira
Que faz render-se o algoz!
Sim!...conscientizar o povo
Dos seus direitos, do estorvo
Que lhe impõe a dominação!...
Da importância vital
Do trabalho...e o capital
Na sua acumulação!
O sangue dos que trabalham
E a mortalidade infantil
Não justificam o aumento
Das riquezas do Brasil!
Desempregar o operário,
Reduzir o seu salário,
Impor-lhe o mais vil tormento...
Nunca foi, jamais será,
No país, o alavancar
Do seu desenvolvimento!
Crescer, sim, mas, com justiça,
Dando a vital condição!
Dividindo , sem injustiça,
Os frutos da produção!
Dar emprego e bom salário
Pra que possa o operário
Ter a roupa, o teto, o pão!...
Dar a seu filho a bonança
Do lazer, da segurança,
Da saúde e educação!
Distribuir, sensivelmente,
A renda à população,
Transformando o indigente
Num saudável cidadão!
Ai, sentiremos as rosas!...
Suas pétalas mais cheirosas
Ornadas por beija – flor !...
E a nossa gente encontida
Com as esperanças da vida
Num mundo de paz e amor!
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