VÔO ALTO
Pássaro que alto voas,
Que tão distante estais!
Nas alturas em que vives,
desconhecemos teus referenciais.
Conhecemo-te pelo que vemos,
Pelos órgãos dos sentidos,
Talvez seja como nos veja,
Em sentido invertido.
Vivemos no mesmo mundo,
De forma tão divergente,
Seguimos o mesmo rumo,
Por caminhos diferentes.
Nas alturas em que vives,
triste é tua solidão,
O vazio é muito grande,
Teu mundo é uma ilusão.
Na medida que mais sobes,
Teu mundo fica distante,
O muito se torna pouco,
A vida pouco importante.
Pássaro de grande vôo,
Pois só queres é voar,
será, que um dia já pensou,
Como fazemos para andar?
João C. de Vasconcelos
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