IPU
Ó ilimitado horizonte!
Leito das minhas esperanças,
De céu azul e nuvens brancas,
Reflete à minha mente a fonte,
Onde vivi quando criança.
Quero me ver correndo,
Debaixo dos juazeiros,
Nos grossos troncos sentado,
Tirando frutos e comendo,
Nas sombras dos cajueiros.
Onde estás minha terra?
Quero ver minha casinha,
Escutar os pios dos passarinhos,
Sentir a brisa fresca da serra,
Onde Iracema foi rainha.
Quero me ver andando no mato,
Descalço, com de pés no chão,
Admirando os passarinhos,
Enfrentando as unhas de gato,
No meio daquele sertão.
Se pudesse ser uma avezinha,
Voaria em busca desse horizonte,
Para me ver brincando,
Na praça velha da igrejinha,
Nos meus tempos de estudante.
Quero ver as águas caindo,
Lá de cima daquela serra,
O sussurrar das águas nas pedras,
O botão em flor se abrindo,
O rio molhando a terra.
Ó ilimitado horizonte!
Abrigo de meus pensamentos,
Teu espaço guarda em silêncio,
Meus sonhos de infante,
Que se uniram aos ventos.
João C. de Vasconcelos
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