Eu vejo pessoas com sorrisos,
vejo olhares que se cruzam,
vejo um mundo que construíram
e não me consultaram e me entregaram
e me obrigaram a aceitá-lo.
Mesmo sem poder ser nada
sonharam tudo para mim,
mesmo sem poder dizer nada
disseram tudo para mim...
todos com tantas aparências
todos com tantas alegrias,
todos tão iguais
e eu tão diferente!
De tão diferente, passei a ser tão pequeno
de táo pequeno, tão só.
De tão só, tão estranho.
De tão estranho, tão estranho,
a única coisa que desejaria ver realmente
é um sorriso sincero de outra pessoa...
Eu vejo as coisas que não se movem
e para mim elas são tão vivas!
são um organismo todo
de idéias novas que podem transmitir,
são autodefiníveis...claras...
e os homens, tão auto expressáveis, tão móveis,
são um túmulos de conflitos e obscurosidades só!
eu prefiro confiar em tudo o que não se move...
Eu creio não haver nada mais traiçoeiro que a comparação!
é a capacidade de comparação que me faz estar aqui
ao meio dia, trancado num quarto,
confuso por não saber em que pensar
e pensando tanto e em tudo ao mesmo tempo
e tentando ainda transmitir pensamentos em linhas
tão sem importância.
"Eu quero ser grande e forte como o papai"
(era o meu grande sonho de infância)
hoje, tudo que eu queria
era ser pequeno e franzino
e cabeçudo como eu era,
eu queria ser ingênuo de novo para brincar
como se a vida fosse o playground que parecia ser
e não essa cena de cinema Norte Americano barata,
essa injeção de American Way of Life na veia,
essa batida de sucesso& abdicação& devoção& egoísmo
que misturamos tanto na panela de nosso caráter púrbere.
as vezes eu queria ser o bicho na mata mais fechada,
o primata no passado mais distante,
o louco no maior desvario,
o câncer na maior ferida.
as vezes eu queria correr
e saltar e voar
e desaparecer da vida que me deram,
simplesmente desaparecer em mim
como alguém que se viu,
e não gostou
e desistiu...
Eu queria não comparar o que sinto
com o que dizem
ou não comparar-me o tempo todo
ou não comarar o que há de bom
com o melhor...
o que há de ruim
com o pior...
o que há de bom com o que há de ruim.
nem uma coisa nem outra...
Eu queria perder-me em meados de 1.900
no pensamento de alguém que não imaginasse a vida que vejo
e não maquinasse tanto a glória
ou o dever que tem com o que lhe deram.
eu queria sim, poder ser, quem sabe
a ferida viva de um indigente
ou quem sabe a vida gloriosa de um poeta medieval
ou de um cão, ou de um príncipe!
Ah! como eu queria ter o dom da fuga...
Estou triste e amargo agora
como tenho estado há muito tempo,
derrama-se sobre meus olhos tantos fatos
e eu vejo tanta incoerência em tudo...
" Será que em algum outro planeta, em outra galáxia, existe um alienígena se questionando tanto?!!
ou um outro eu de espírito virado
chorando e olhando o munto?
Ou será que aqui na terra mesmo,
Sim! Aqui! Existe alguém que não ama
mas que procura o amor sem saber se deve?!
Alguém que busca tanto amar alguém
talvês por não amar-se?!"
Fecho meus olhos
vem a escuridão,
imagino em mim tudo que fui,
aquilo que sou, o que poderei vir a ser...
Meu Deus, como não vejo nada!
Todos, Meu Deus! Todos apenas foram, são e serão,
E todos, Meu Deus! todos fazem isso sem saber porquê...
e ainda se satisfazem, e passam essa herança adiante,
e oram a ti...
e vivem assim seus segundos, seus dias, seus anos!
Todos vivem contando o tempo,
contando com o tempo que trará uma vida nova!
mas eles envelhecem, essa vida não vem!
morrem! inventam uma nova vida...
E para justificar a desgraça
desconsideram o tempo
dizendo ser esta uma vida eterna,
a eterna felicidade
como recompensa de uma vida devota, murcha...
E tudo, tudo para os que ficam
se condensa no mesmo quadro imutável,
na repetição de todos os atos todos os dias,
no seu trabalho...
Todos, Meu Deus! TODOS vivem, e não se perguntam,
e se acham felizes por pensar sempre o mesmo
e viver sempre o mesmo...
Até o grande homem Jesus Cristo
acreditou um dia, e se entregou a tudo,
e lutou por nós,
e morreu por nós com os braços abertos,
como se abraçasse algo que o negou!
NÓS! NOSSA CONCIÊNCIA DESVAIRADA!
Mas talvês na morte tenha visto ele
que não valeu a pena,
e que nada impede que a coragem morra quando nasce o medo,
e que um ideal
é uma mera consequência
de não se ter nada a pensar...
Estou triste
mas ainda possuo o meu rebanho de pensamentos,
meus olhos negros,
minha mente parda para observar o mundo...
Ainda tenho o dom de sentir
(ou até de amar se quiser!)
Ainda tenho meus dedos finos
para correr em papeis,
traçar hinos frios, dedicações...
tenho sonhos, sonhos, sonhos
e tantas histórias para contar!!!
tantas histórias que as vezes acho que nem as mereço...
(eu tenho uma história de amor muito linda e que renego, e que odeio, e que guardo no esquecimento mais profundo de mim.)
Ainda há de ser o mundo para mim
a canção que imagino, que alegra...
Ainda há de ter para mim algum sentido
tantos homens, tantas mulheres, tanta luta,
a minha existência numa vida
qual a existência de uma gota no oceano...
De um cão que não sabe da vida
mais ainda assim vive incondicionalmente.
eu juro que sonharei todos meus sonhos
até que se esgotem um a um!
E então encontrarei mais sonos
no fogo de uma paixão estranha...
a vida será então
a vida que em si produz seu proprio significado
e que encontra sua força
na casa do inimigo mais próximo,
do estranho mais distante...
O mundo é para mim
o que não defino por excelência!
as outras pessoas são
a extensão do que vejo e sinto em mim...
Eu estou, é verdade!
estou na estação das folhas mais secas,
de mais bravo inverno
Mas eu me sinto feliz
quando a estação das folhas secas vem
e o coração se congela
quase como se fosse um inverno!
eu me sinto feliz
em saber que todo mundo está feliz,
em saber que não exista para quem está feliz,
e que a felicidade se percebe
sem saber que é felicidade!
eu me sinto feliz
em poder chorar...
Eu me sinto feliz
em ver que me vendo
quase me esqueco,
em saber que me esquecendo
me amo,
e em sentir que me amando
me entendo.
Eu me sinto feliz
e a felicidade se conforma em ser,
simplesmente,
uma folha seca que voa
e que se perde,
um inverno que chega
e que persiste,
uma lágrima que cai
e que não volta.... |