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Poesias-->E há a insondável escuridão... -- 17/09/2001 - 12:07 (Victor Barone) |
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E há a insondável escuridão
a transbordar das escarpas do mundo
para dentro de mim
em um contínuo fluxo de medo.
Há a inquisição em mim mesmo
a rasgar minha pele.
Sinto o eterno crepitar de suas asas
a me acossar, a me empurrar
ao abismo que trago em meu peito.
Sinto teu eterno toque de gelo a pressionar,
na umidez de minha fronte, teu sinal.
Me arrepio com teu hálito sujo em minha boca,
anjo negro, torpe.
E há a insondável escuridão
onde flutuo agrilhoado pelos olhos,
onde plano sustentado em suas mãos.
Mas há também a raiva. E esta vem de mim.
Derrama-se ao chão a ira contida
em interminável gotejar.
Transpiro esta ira
e o medo que aniquila
perante tua sombra, sob o teu olhar.
Escorre dos meus poros esta raiva cega
que me faz cuspir teu nome,
anjo negro, torpe.
E há a insondável escuridão
a me sugar ao centro do enigma, ao olho do furacão.
E é entre o tormento dos suspiros
que decifro minha insana lucidez.
Plana no ápice escuro do meu eu
a manter equilibrado num meio fio curto
o que me resta de sensatez.
Minha vida é o fruto de minha ira.
O rochedo que emerge do redemoinho negro
que propágas.
A rocha à qual me agarro ao ouvir
na bruma negra do ar
o crepitar das tuas asas,
o bradar histérico do teu nome,
anjo negro, torpe. |
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