Meus pés agonizam na brasa de seu olhar
Perdida em véus de saudades
A trama dos fios crava a maldade como uma lança
Quando penetrada o ventre
Um sono profundo o afasta de minhas mãos e meus pés
Flutuam, pois a dor não suporta o toque com o chão
As pisadas são lágrimas derramadas que na face escorre, sozinha
Rola pelo queixo e desaba como chuva no chão
Percorre as cavidades no solo
E brota como esperança nos olhos
Mas seu cansaço o vence e vitorioso, recolhe-se em um leito de lençóis
Meus pés doem e calçam o chão como palmilhas de cacos de vidro
Sofro, e cada passo simboliza o martírio por estar só
Caminho e meus pés deslizam sobre um carpete de pedregulhos pontiagudos
Padeço de dor e sustento a carcaça para alcançar a porta
Ergo o braço e prolongo o gesto...
Não! Ainda não estou em casa
Falta muito, falta erguer-me novamente para prosseguir
Choro, pois temo em erguer o corpo incrédulo e despido de coragem
Vivêncio minha dor que corrompe o silêncio de minha mente
Gemidos e tons grotescos, folhas caem, a chuva tão forte derruba
os galhos jovens, mas o tronco continua erguido, ainda há vida,
Ainda há árvore,
Ergo-me, mesmo desacreditando deste ato
Sinto o vento que acaricia meu rosto e me dá forças
Levanto o corpo, mente, alma, sou um só ser
Controlo os sentidos do corpo, da mente do espírito
Elevo meus olhos e a boca saliente busca a água na tua fonte
Mesmo quando me deixar, regresso, porque é para todo o sempre que irei te amar.
Erika Viana
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