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Poesias-->Requiem para uma amiga. -- 03/08/2010 - 17:49 (José Ricardo Camargo Xavier) |
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A MORTE NOSSA DE CADA DIA
Procurando nomear representação
Da cognição da realidade
Vejo nessa ação
O passar da nossa idade...
Eu existo porque alguém me nomeia
Chamando-me quando precisa
E o dia vem e permeia
Busca algo e não avisa.
A ausência é um estar em mim,
Um dever a reinventar
Cada minuto assim e assim...
Preciso respirar.
Meu luto de viver é temor
Para não reinventar a morte
Ela existe em toda dor
Mais do eu... ela é forte.
Penso na vida como arte
A morte é organismo que morre
Em dias isso faz parte
Mas pedindo não socorre.
Na leitura linear
Como discorre a vida
Esquece memórias a sonhar
Uma passagem não lida.
Experimento o futuro...
Não faço canto de morte
Como construindo um muro
Fico esperando a própria sorte.
Reinvento a vida a cada instante
Como que vingando a minha morte,
Mesmo vendo operante
Recebo esse corte...
Escapar da morte é arte
Que peleja dia a dia,
Realidade que faz parte
Não querendo...eu corria.
A beleza é soma das partes
Do todo ou de que vemos,
Não é menor que as artes
Resta apenas o que temos.
Insignificante eternidade...
Tenho vibração pela vida.
Cemitério não tem idade
Mas acolhe alma pedida.
Como Gioto expõe a vida
Em praças e museus
Mostro vigor nessa ferida...
Mas não são teus nem meus
A beleza na vida perece
Não há Eterno no plural
A arte até parece
Mas ela é imortal.
Vejo muitas pandoras
Nos rouxinóis a cantar.
Onde estarão agora
O orgulho de ficar?
Pelo tempo do castigo
Que fico no meu lugar.
Pelo tempo limite ... é perigo
Aflora no cantar.
Artistas de nossas invenções
Manipuladas pelos desejos
Nada faz em ações
Apenas vira pelejos.
Impaciente acontece
De perder e achar
Cada qual é o que padece
Quando não sabe olhar.
Acontece e decide
O que melhor lhe apraz
Acha sempre perdendo
Naquilo que não é capaz.
A arte é criança
Mordida pela Paixão
Remonta sua lembrança
E te pede perdão.
Desmonta a arte da vida
Com momentos de fúrias.
O que vai agora remida
Fazer Artes espúrias.
Homenageio a morte em dobro
Vivendo o dobro a perder
Digno acontecer do probo
Vive querendo viver.
Por ser imortal na vontade
No instante fragmento
Desde logo a bondade
Une a mente... é momento.
Somos mais que a morte
Agindo no mundo intenso
Agir e não ter medo (é sorte)
Perde meu pensamento.
Ajo no sofrimento
A Realidade não precisa de mim.
Morte cruel é lamento
Vivo assim, assim
É séria a morte da vida
Em quem a representa?
Na noite em que sofria
Livro-me do que te acorrenta.
O fim da vida é livrar
A vida do morrer
Rosto dos mortos a privar
Do que é acontecer.
Sereno vejo rosto
Pedindo perdão do que fez...
Não há o que perdoar posto
Não era a sua tez.
O morrer é prazer egoísta
Quando me vou agora
Calam-se palavras artistas,
Do mundo vou embora.
Não temo o humano de nós.
Somos bons em essência.
Meu temor é o demônio a sós,
Que vive na sua imprudência.
Viver é morrer no instante
Cada um tem o seu
Viva o viver bastante
Cada qual com que é teu.
È apenas um adeus
Talvez até logo na dor?
Um dia...estaremos nos céus
Vivendo uma única cor.
Entenda a vida com prazer
Viva em dobro seu momento.
Vinga da morte no lazer
Nada de sofrimento.
José Ricardo
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