POEMA CORPORATIVO
Há tempos
que não há mais tempo
para o tempo
do cotidiano
do seu fulano, seu beltrano,
dona Terezinha e Cidinha.
Foi-se o tempo para saber do tempo
do preço do arroz
que subiu semana que passou
do negro
que desceu ladeira abaixo atrás de um vintém,
da prosa de fim de tarde
no boteco do seu João.
Ontem mesmo diziam
que o vapor ia acabar
que o bonde da praça XV ia parar,
Getulio Vargas renunciar
e muitas máquinas no cais iriam chegar.
O vapor acabou,
o bonde parou,
Getulio se suicidou
e as máquinas...
Ah! As máquinas começaram a chegar e,
nunca mais, pararam...
***
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