CONFISSÃO
Eu também sinto fome dos astros
e comeria as constelações
se Neruda permitisse.
Não é minha pátria
um lugar onde as pessoas vivem,
mas sim, o coração habitado pela poesia.
Não é o rosto o que me seduz,
mas a alma exposta.
Não é o vento o que me causa espanto,
mas o verde amor que ele traz do sul.
Não é a chuva o que me comove,
mas sim, o fato de eu poder me comover.
Não é a condição de ser homem o que me alegra,
mas a condição de ser poeta.
Por esta, sim, bebo vinho e canto cânticos.
Não é a luz do dia que me torna meigo,
mas a insônia,onde ela aparece
Vestida de bolero de Ravel.
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