Férias de tirano (reizinho)
Quando me casei mudei pra longe.
Porém nas férias de fim de ano
eu voltava pra Taubaté.
Ficava um mês na casa da sogra
na casa velha da rua São José.
Ali eu dormia em colchões macios,
cheios de baratas da cor de nescafé...
Antigas almas penadas,
de pessoas queridas mortas
me espreitavam detrás das portas.
Mas isso não importava —eu queria ser rei.
Reizinho me proclamei.
Nos hotéis eu pedia,
na casa velha eu mandava.
Minha mulher, feliz na casa da mãe,
num docinho se transformava.
A sogra Maria, feliz com a visita da filha,
era minha dócil escrava.
Ah, como eu gostava!...
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