Perséfone
Depois da tempestade que abateu sobre mim,
Dos maremotos,
Do terremoto, em que a terra se abriu,
E pensei que fosse o fim.
Não surgiram os corcéis de hades,
Nem tão pouco fui raptada.
Mas a vegetação secou,
Fiz-me terra arrasada.
Comi do alimento dos mortos, contristada.
Doces sementes de romã.
Vesti-me de Perséfone,
Esperando um novo amanhã
Tornei-me guardiã
dos mistérios do sombrio.
Naveguei o mundo noturno
do inconsciente bravio,
Dos sonhos e das intuições.
Tornei-me sem cor, arredia
Sem dar asas às ilusões.
Assisti tecerem as teias de intriga
Que mexiam com minha própria vida!
Procurei um canto,
Um recanto.
Espero o inverno passar.
Estou me guardando
Pra quando a primavera chegar,
Pra em Afrodite me transformar.
Será?
Não acredite,
Sempre, sempre vou ser Lilith,
A face oculta.; o escuro!
Sem templo, sem festas, sem culto.
Da lua, a lado obscuro!
Tereza da Praia.
Série: Rapadura é doce, mas não é mole.
|