Ode ao Mar
Naquela noite o mar se inquietou
O mar gemeu, o mar calou.
Suas ondas tornaram-se negras
Violentas e fortes.
O mar se debateu contra os rochedos.
Naquela noite eu chorei...
Inquietei-me, perdi meu norte.
Meus sentimentos debateram-se
Na confusão
De um conturbado coração.
Naquela noite o mar lambeu a areia da praia
Com a violência das ocultas paixões.
Abriu-lhe feridas.
Naquela noite a dor do abandono,
Da maledicência bandida,
Calou-me os lábios arredios.
Gemidos ficaram presos na garganta.
Naquela noite o mar bravio
Lançou a pequena concha contra o rochedo
Espatifando-a, matando-a de medo.
Debati-me, naquela noite, contra o turbilhão.
Chorei, gemi, gritei.
Em mil pedaços desfiz meu coração.
Pela manhã, o sol encontrou a concha destroçada,
Em cacos, pela areia da praia, espalhada.
Naquela manhã, o amor me resgatou.
Minhas feridas curou.
Todos os pedaços colou.
Devolveu-me ao meu mar,
Este infinito inconsciente,
Que se debate contra o amor,
Que ao amor se entrega,
Que o amor nega,
Que se colore e pacifica,
Que se faz calmaria
Quando a dor é mais dor.
Tereza da Praia
Série: Elas passarão, eu passarinho.
|