Ode à Luxuria
Como uma taça de vinho espumante,
Tomam-me a indiferença e a tranqüilidade.
Saboreiam-me, desnorteiam-me sem piedade,
Como um péssimo amante.
Dizem-me palavras duras com toda crueldade,
Como se algum bem me fizessem.
Esta tranqüilidade tenaz
Esta indiferença mordaz
Pra mim tanto faz.
Vão-se embora! Fora!
Quero agitação
Quero o ar correndo nos meus pulmões,
Quero o sangue fervendo em minhas veias.
Quero o bater acelerado do meu coração.
Quero meus olhos inquietos brilhantes
A procura de tudo, de nada...
Quero meus lábios úmidos, vibrantes.
Quero me emaranhar nas teias
De um desejo louco.
Não se incomodem com minha felicidade.
Não quero tranqüilidade esta noite.
Não quero sono profundo,
Como um gole de morte a me rodear.
Vou pra rua fazer trot-toir,
Matar o desejo insatisfeito de te amar.
Tranqüilidade e felicidade
Sigam quem lhes há de querer.
Sem censura, quero pecar!
Preciso da luxuria por perto,
Feito um cobertor a me aquecer.;
Feito vinho quente no meu sangue a arder,
Inaugurando em mim a coragem
De ter prazer por prazer,
Na voragem de viver por viver!
Tereza da Praia
Série: Elas passarão, eu passarinho.
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