Três Taças
Tereza da Praia
Vamos no encontrar em que parte do caminho?
Em que paralelas vai se cruzar nossa vida?
Depois de tantas voltas e da tantas idas,
Em que palco representarei o meu engano?
A proeza de teus silêncios me levará
Além dos limites do meu sentir profano
Meu pensamento se perderá por qual estrada,
Até alcançar esta ausência de amor,
Esta falta interna de calor?
Presa na teia do tempo,
Tecida no tear do previsível,
Mas com uma vontade louca de voar
Soltar-me ao vento do acaso
Realizar o meu sonho impossível.
O silêncio sussurra em meu ouvido
A chuva molha minhas palavras,
Rabiscadas na tela da vida,
Para me convencer.
Arrisco um vôo, de asas quebradas.
Sinto-me como um pássaro mutilado.
Espera-me para um abraço confortador,
Para alguns momentos de amor.
As três taças de cristal lapidadas
De cores puras e límpidas,
Ficaram entre os dedos do passado.
Tu e eu e o vinho derramado.
O segredo feriu o vinho.
A ausência em nós fez-se nódoa,
Brinda, agora, sem mágoa
O vazio das lembranças deixadas,
Entre os dedos do presente
E as mãos do futuro.
Série: Elas passarão, eu passarinho.
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