Eu não sei fazer poesia e ser dissimulado.
Nem sei se o que faço mesmo é poesia.
Falo o que sinto: tristeza, angústia, nostalgia.
Gente fiel. Há trinta anos do meu lado.
Mas também rio, brinco, me alucino.
Gargalho com os incautos na euforia!
Piruetas com os palhaços - viva a magia!
No alegre circo da ilusão mais um menino.
Findo o espetáculo, o drama, a agonia,
se se repete, e reiterada, e a cada dia,
e ainda machuca, maltrata e silencia?
Querer de mim, amigo, mais fantasia?
Busque o ator, não ao poeta - hipocrisia!
Dou-te minha vida, e se a mal queres, minha ironia.
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