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Poesias-->Adeus -- 09/04/2005 - 20:32 (Rodolfo Araújo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esconde a tua palavra de saudade

o sal que derrete a carne sob a violência

do mar



Ébria, que enxergas sob a névoa

a noite partindo atrás das rochas

expirando o tempo escasso

para a claridade reinar



Raptada, dourada nos cabelos

que dançam na firmeza duvidosa do gelo

produzido pela noite de ventos inconstantes

perturbadores das janelas e da ordem

da cidade que silencia

e tiros escuta



Presa, entre as grades medrosas

covarde, calculas as palavras

medes as frases com as palmas lisas

das mãos suadas de vingança

que escorre gélida por entre os dentes

trincando os ossos, rompendo os dedos

abrindo a pele para o sangue jorrar



Jogas tuas asas pelo abismo

fazes do penhasco tua morada

não arriscas mais um vôo

perdeste o apreço pela alvorada



Não posso mais esperar

meu anoitecer já passou

o escuro da alma

algum bom anjo levou

agora não há mais hora

o teu beijo não irei aguardar

a vida conclama

algo me chama

impossível ficar



Deixo-te a pétala derradeira

a eterna companheira

que há de substituir meu abraço

no momento em que não houver

um ombro para chorar.



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