Brasília, 28/mar/2005
Eu sei que me queres nua
numa nudez toda inteira.
Mas não me agrada a brincadeira
de misturar entre nós,
mesclar entre as alegrias,
os suores e as dores
que vivo no todo dia.
No meio da nossa nudez,
tão sagrada e tão amiga,
não desejo ver mescladas
as louças sujas,
as xícaras quebradas,
as armadilhas da vida.
Desnudas as nossas almas,
não as quero vestidas
com números de extratos bancários.
Prefiro-os todos guardados,
devidamente trancados,
a muitas e muitas chaves
dentro de algum armário.
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