VAGAMUNDA
“...pensará que sou vagabunda, que andei de homem
em homem simplesmente para encher o tempo”
Carlos Heitor Cony, Matéria de Memória, p. 54.
Madurona Messalina,
plágio fácil de aferir,
se enfeita mais que vitrina
e adora se travestir.
Pinta e borda a boca e os cílios,
aclara aqui, tinge ali,
põe colares, brincos, brilhos,
se envaidece a travesti.
Balzaquiana narcisista
se mascara p’ra sair,
faz mais onda que surfista,
decadente travesti.
Nariguda concubina,
gorda, inchada e quase nua,
entre o trago e a nicotina
se traveste e vai p’ra rua.
Errante, andeja, mundeira,
desocupada infecunda,
olho gordo, mão ligeira,
troca pernas, vagamunda.
|