Brasília, 7/10/2004 – 15:36h
Eu não entendo nada de política.
Só quando passo pelas ruas esburacadas
pelo descaso das malfadadas autoridades
todas elas muito ocupadas
em fazer levantamentos esdrúxulos
e inventar desculpas esfarrapadas.
Eu não entendo nada de História,
nem da Antiga, Medieval, Contemporânea.
E se eu for bem sincera,
nem sei mesmo se eu tenho uma.
Mas vou anotar alguma coisa do que vejo
num verso ou outro, bem depressa,
antes que a minha memória
brevemente se consuma.
Também não entendo nada, nadinha,
de Arte (Pintura, Escultura, Cinema)...
Até hoje ninguém conseguiu me dizer
como eu sei o que é arte ou
o que é falta do que fazer...
Não entendo nada de Poesia:
absolutamente nada.
Não sei qual é a regra pra rimar,
ouvi falar em alexandrinos,
redondilhas, hai-kais, tercetos,
poesia concreta (que diabo é isso?
sempre pensei que poesia era
algo tão abstrato...)
Não sei nada de métrica,
disso só conheço a fita,
mas vou escrevendo assim mesmo
no ritmo e rumo que
a própria palavra me dita.
E quer saber?
Nada disso me faz falta.
Deixo a palavra correr,
descer liquidamente a ladeira
entre minha cabeça e meu peito,
ir lavando o caminho,
e certeira,
ir saindo do meu jeito.
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