INUTILIDADE
A cama é o seu remanso contumaz,
manhãs inteiras, tardes preguiçosas
flauteando no ócio tão despretenciosa
como lhe quer a mente e ao corpo apraz.
E irresponsavelmente se compraz
nos sonhos de uma vida remansosa,
das noites, madrugadas descuidosas
em que liberta o corpo e o satisfaz.
E assim convive co’a inutilidade
porque em sua vida há tanta veleidade,
nela referve u’a incúria tão profunda
que me surpreende ... a quanto reconheça:
ela carrega a bunda na cabeça,
verte e extravasa, da cabeça, a bunda.
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