O tenente Marcos era novo no quartel, havia sido transferido recentemente para o local, mas desde o início mostrou sua vontade de voltar a sua terra natal, onde sua noiva esperava para poderem se casar. Ele era um tipo todo certinho, extremamente correto no trabalho e nunca saia com as garotas da cidade, o que gerou uma fama de boiola.
Sempre falava a respeito de fidelidade com a mulher amada. Que se casaria com sua noiva sem jamais traí-la antes ou depois do casamento, ele passava a imagem de uma pessoa correta demais, o que provocou um certo constrangimento no quartel, isto devido ao fato do Comandante achar que seus soldados, oficiais ou não, jamais deveriam apegar-se demais a família. O motivo era que um soldado, seja qual for a sua posição hierárquica deve estar sempre pronto a morrer pela Pátria, e a família não pode sob hipótese alguma ser um empecilho neste sentido.
O tempo passou, e o tenente Marcos sempre tentando sua transferência para sua cidade natal, para que pudesse casar com sua noiva, e o Comandante sempre adiando, pois este achava que um bom soldado jamais deveria apegar-se à pessoa alguma. O tenente Marcos porém mantinha sempre sua fidelidade a noiva distante.
Nesta época corria pelos corredores do quartel as dificuldades do exército de manter as fronteiras da Colômbia, na selva amazônica, contra os traficantes de cocaína, e ninguém queria ser transferido para esta frente de batalha. Devido a este detalhe ninguém entrava em atrito com o Comandante, com medo se ser enviado para a guerrilha na selva. Exceção ao tenente Marcos, que enchia o saco do Comandante para ser transferido para sua terra natal.
Perto do final do ano, em uma festa interna o Comandante, depois de beber quase um litro de whiskey resolveu fazer um desafio ao tenente Marcos. O desafio consistia em ele seduzir alguma mulher, fazer sexo com ela, guardar a calcinha dela como troféu e depois mostrar a todos sua conquista, e então ele poderia voltar aos braços de sua noiva.
O tenente Marcos não conseguiu dormir aquela noite diante do dilema, trair sua noiva para poder voltar a ficar junto a ela, ou se manter fiel e permanecer longe. No dia seguinte, decidiu dar uma cartada falsa, foi ao Shopping comprar uma calcinha de mulher e voltou para casa, não sem antes colocar a mesma dentro de suas cuecas para pegar um “cheirinho”.
Na volta parou no parque da cidade, como se para fazer uma despedida do local, quando encontrou a esposa do Comandante. Como esta o conhecia e sabia tratar-se de um rapaz honrado, ficou conversando com ele as margens do lago, como a conversa estava interessante devido ao fato do tenente ser um homem extremamente culto e gostar muito de ler livros, ficaram horas de bate-papo. Quando já havia anoitecido despediram-se e o tenente Marcos voltou para casa, satisfeito porque sabia que no outro dia receberia a transferência de volta a sua noiva sem ter que traí-la.
Na reunião dos oficiais no dia seguinte, o tenente Marcos mostrou o troféu, com cheiro e tudo, para que todos pudessem sentir seu grande feito do dia anterior. O Comandante pegou a calcinha e cheirou profundamente de encontro ao nariz, e ainda comentou que conhecia aquele aroma , não sabia de onde mas já conhecia. Como o Comandante era conhecido por suas conquistas sexuais, todos concordaram que se ele conhecia o odor, era porque ele também já havia conhecido a tal mulher.
Foi quando o Comandante em um discurso improvisado, depois de várias doses de bebida, ressaltou as qualidades sexuais de todos os soldados do exército, e principalmente as dele, e que conforme havia prometido emitiria a transferência do Tenente Marcos. Neste momento, todos os oficiais gritaram parabenizando o tenente, foi quando a esposa do Comandante entrou no recinto.
Todos se calaram em respeito à senhora, que precisava falar urgente com seu marido, que imediatamente se retirou do local com ela, não sem antes ela se virar para o tenente Marcos e comentar que os momentos que ambos passaram juntos no dia anterior tinham sido inesquecíveis. O silêncio geral foi constrangedor, o Comandante saiu calado, e voltou alguns minutos depois, com a transferência do tenente Marcos em mãos, para a fronteira com a Colômbia, mesmo este mostrando a nota de compra da calcinha e dizendo que o cheiro era do saco dele, não adiantou nada.
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