O desejo, vida inteira, morre.
O seu silêncio não chora nem ri:ironiza.
Sem passado, nem futuro, nem agora.
Eu sou mais mortal do que o meu desejo
e o meu sexo
mais mortal do que eu.
A dor e a fúria acompanham-me,
a dor de não ter possuído
o teu corpo e a fúria de não
ter sugado o teu sexo eterno.
A raiva fundiu-se na minha eternidade
e há menos tempo que lugar,
como quem liberta o desejo
onde sempre estivera a palavra amor.
Em alguma espécie de saudade física,
um músculo mexendo-se no corpo
no desejo silêncioso que apaga a luz.
in," O Erotismo das Palavras" - 2003 |