Uma característica marcante é o abandono do tema histórico pelo tema lendário, ou exatamente, o mito. Basicamente a ressurreição do passado germânico e das tradições nacionais, as lendas e as canções populares. A canção e o poema popular o seduziram.
Segundo Nietzche: O mito e a música são inseparáveis.
A partir do NAVIO os motivos psicológicos são baseados em motivos naturais e tome-se naturais em relação aos aspectos da Natureza, mesmo.
A figura do Holandês Voador (nome original) nasceu da nostalgia da pátria alemã e das decepções parisienses do compositor; nasceu das vigorosas imagens marítimas, bem como das narrativas da marujada sensível ao fantástico, seus cantos de trabalho e, às lendas.
Após o NAVIO o abandono de árias e duetos foi um caminho lógico. A fórmula estava gasta. Para Wagner, de agora em diante, o mito seria o tema predileto e o único concebível para seus dramas. O músico conseguiu juntar psicologia e mito. Psicologia, mito e música constituem o complexo wagneriano, dirá Nietzche.
A figura do Holandês possui a ardente grandeza dos que serão os heróis do futuro. Mas o papel de Daland nunca deve ser levado à comicidade., pois trata-se apenas de uma personagem rude e comum, de um marinheiro tenaz e valente que afronta o furor dos elementos para ganhar seu dinheiro. Erik, por sua vez, não será um choramingas sentimental; ao contrário ele é corajoso, fogoso e sombrio e mostra-se digno do amor de Senta; ele apenas tenta levar sua noiva às fortes realidades da existência quotidiana.
Assiste-se aí a vitória dos idealismo sobre a realidade.
Mas, Senta não deve ser interpretada com um sentimentalismo doentio, apesar de seu caráter sonhador. Ela é uma filha do Norte e absolutamente ingênua. O amor que ela sente pelo Holandês é redentor e sobre-humano, nada tem de físico. Ela sente piedade – recurso trágico por excelência – e princípio básico da lei, segundo Schopenhauer; ter em mente a idéia do ágape, da caritas que transcende Eros.
Eis então que aparecem pela primeira vez os grandes temas wagnerianos com a promessa de um futuro tão rico: a potencia faustiana do eterno feminino, a renúncia, o sacrifício e acima de tudo a redenção que se tornará um princípio essencial co Elisabeth (Tannhauser), Brunhilde (Anel), e especialmente Parsifal.