Usina de Letras
Usina de Letras
44 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62376 )

Cartas ( 21335)

Contos (13272)

Cordel (10452)

Cronicas (22545)

Discursos (3240)

Ensaios - (10437)

Erótico (13578)

Frases (50765)

Humor (20066)

Infantil (5479)

Infanto Juvenil (4800)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140859)

Redação (3318)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1962)

Textos Religiosos/Sermões (6228)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->A festa da Usina II -- 19/09/2002 - 23:29 (Rodrigo Contrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por Rodrigo Contrera

Aconteceu então de o Contrera não entender bem por que, afinal de contas, estava conversando com aquele sujeito chamado Alcir a respeito daquele outro sujeito chamado Alcàntara. Preferiu então escafeder-se e dar uma de peripatético em meio àquela leva de mútuos desconhecidos.

Meteu-se então a refletir o que ele, Contrera, fazia entremeado àquela gente.

Principiando pelo começo, lembrou-se de haver-se dado a frequentar o Usina quando já mais nada ou quase nada mais fazia sentido. "Prefiro ler estas bobagens", mostrava o quadro de avisos à Cris, sua esposa, "a ter de ler qualquer artigo supostamente sério em jornal qualquer, dado que nenhum é sério mesmo".

Fora uma decisão arriscada, essa. Pois a bílis que sempre acabava por escapar do quadro por vezes conseguia afetá-lo, justo a ele que nada mais tocava por nada mais fazer sentido algum. Aprendera então a acompanhar o vagar dos notívagos em silêncio e discrição. Mesmo que nada pudesse ser aproveitado, mesmo que só a conta da conexão ficasse a comprovar o tempo e dinheiro perdidos. Não importava mais.

Vazio de razão mas repleto de bílis, meteu-se então o Contrera a lançar impropérios sob os mais variados epítetos, ora pseudo-articulados, pseudo-ensaísticos, pseudo-humorísticos. Inspirado por Foucault, acabaria inclusive por inventar uma categoria toda própria de Discursos.

E os textos acumulavam-se. Já iam na casa dos 819 quando estacou tal qual o puro-sangue de Rodrigo Pessoa. "Não mais", ditou-lhe repentinamente o juízo, ainda aí nem que fosse por testemunha.

O trabalho até rendeu-lhe certos frutos. Alguns admiradores lançaram-se a enviar-lhe encómios, embora outros o encomendassem a demónios. Paciência. Nem Deus agrada a todos, nem mesmo o todo-poderoso, como poderia ele, o infame?

O tédio não tardou, porém, em dominá-lo novamente. Nada mais acontecia. Nada.

Tal qual rua movimentada sem regras de tipo algum, personagens de renome, misturadas a pretensos infamosos, continuaram indo e vindo em meio ao Usina. O panóptico agora era dele, do Contrera. O panóptico agora era também dos outros. Daqueles que ele fingira conhecer. Dos que preferem navegar a lançar a mares nunca dantes...

"Ora, que bobagem, as rosas não falam".

Surpreendera-se cantando Cartola em meio à balbúrdia dos incontáveis desconhecidos que assoberbavam o Usina. A todos pulmões, mas ninguém o ouvia. Ninguém.

Parou então rente à mesa de centro para beliscar alguns salgadinhos. À espera de que alguém aparecesse?

© Rodrigo Contrera, 2002.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui