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Cronicas-->O estranho amigo -- 16/09/2002 - 08:45 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ESTRANHO AMIGO

Chico, naquela manhã, só arredara pé de um bar para ir a outro. Acabado o crédito ( ou as bebidas?) viera emendar em casa. Ali, havia um corredor que certamente havia sido construído levando em conta suas eventuais "farrinhas". Podia vir no maior dos porres, mas não caia no chão, pois era amparado pelos dois lados da parede. Era só ir-se jogando de um lado para outro, e assim chegava ao seu quarto, no final do corredor.
Desta vez, o Chico falhou em seus reflexos (se é que ainda restava algum) : atravessou todo o corredor, e cruzou direto a porta dos fundos, indo se estatelar no chão do quintal. Aí, conheceu nosso principal personagem. Surgira da noite, do estranho mundo dos répteis; esbarrara no Chico e ali ficaram os dois, estudando-se; um, espantado, o outro não sei, porque reação de bêbado é estranha . O Chico teve uma inspiração:
- Meu amigo! Tu tá bêbado! Tu também caiu na vida?
Até aí tudo normal, a não ser o fato de que o amigo em questão era um sapo, enorme, preto e viscoso. O sapo esperneava, escorregando pelas mãos do Chico, que já o havia agarrado. Recebendo aquele bafo de bebida na cara, o pobre réptil acabou mesmo por se iniciar na arte do alcoolismo. Quando saíra de casa era um sapo; agora já não sabia mais. Aquele sujeito estranho na sua frente começava a girar. Tentou coaxar. Sua voz saiu pastosa. E aquela estrofe gozada no seu ouvido:
- Ah, tu tá bêbado, bichinho? - e o Chico esfregava o rosto na cara do sapo, num estranho "tête a tête".
Ah! Aquele bafo! Como entorpecia os sentidos! Ele até estava simpatizando com esse interlocutor tão romàntico. Pela noite adentro coaxaram juntos, rosto a rosto (ou cara a cara), abraçados e trópegos. Depois, uma alma pérfida os separou. Chico, agarrado pelos braços, ainda esperneava; suas mãos, aos poucos, iam escorregando pelas coxas viscosas do sapo. A porta se fechou e o pobre animal ficou sozinho na escuridão imensa, os olhos marejados e a voz embargada.

Obs.: Adaptação do primeiro texto que publiquei, no Correio do Povo, de Jaraguá do Sul(SC), em 1966.






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