Usina de Letras
Usina de Letras
160 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62336 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22543)

Discursos (3239)

Ensaios - (10409)

Erótico (13576)

Frases (50720)

Humor (20055)

Infantil (5474)

Infanto Juvenil (4794)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140849)

Redação (3313)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6222)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->A perereca -- 22/08/2002 - 19:21 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A PERERECA

A vendedora bateu à porta. Quando colocou os pés na soleira, deu um pulo pra trás: um sapo! Sapo nada! Era o Chico, minha perereca de estimação. Bonzinho, educado, não fazia mal a ninguém, apenas ficava imóvel, absorto em meditação. Chico apareceu lá em casa num dia chuvoso, com seu silêncio e sua sabedoria, em boca fechada não entra mosca. Mas mosca mesmo devia entrar pois o Chico não era bobo. Fingia-se de morto, para a refeição se aproximar sem medo e aí, zupt. Passaram-se os dias e o Chico continuou na sala de TV, seu local preferido. O pessoal da casa foi se acostumando com sua presença e lhe deu o apelido carinhoso. Claro, ninguém chegou a verificar se o Chico era realmente Chico.
Revelou-se um companheirão. Sua presença dava tranquilidade; ninguém se sentia solitário ao lado dele. Era a companhia ideal, você podia ler sossegado sua revista, assistir a um jogo de futebol, sem trocar uma palavra com ele, o Chico não se importava, não exigia atenção. Não reclamava precisar de roupa nova ou do carro emprestado para sair.
Depois de certo tempo, parece que a gente já se entendia bem, eu e o Chico, só pela expressão corporal. Quando o Flamengo levava gol ? Ah ! O Chico, que era flamenguista doente, revirava indignado os olhos, eu percebia o que estava pensando do juiz. Mas se babava mesmo era por um filme erótico. Nas cenas quentes, remexia o gogó diversas vezes, com nervosismo. Se passasse uma pobre mosca diante dele, coitada. Era traçada ali mesmo, sem pudor. Pensei seriamente em lhe arranjar uma companheira, ou companheiro, ou os dois, tenho certeza de que o Chico não era preconceituoso. Mas preferi não me meter em sua vida. Quem sabe, aborrecido, ele fosse embora. Quando ele morresse, certamente teria um enterro digno, com choro das crianças e flores sobre o túmulo. Era considerado parente, como cachorro e gato. Mas o Chico não nos deu esse prazer, quero dizer, essa tristeza. Simplesmente sumiu, o ingrato. Depois dessa, já resolvi, nunca mais vamos ter animais de estimação.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui