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Cronicas-->Propulsor -- 09/08/2002 - 18:27 (Suzie Tibiriçá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As vezes me impressiono com a capacidade que eu tenho para disfarçar que estou triste, sempre enchendo minha boca de sorrisos nulos e piadas inúteis. Crio quase uma realidade paralela, onde tudo é bom e divertido, escondendo minha vida de tristeza crónica.
Numa dessas tardes comecei a chorar... As coisas não iam tão bem como a maioria achava. Ir pra escola era uma merda, ficar em casa era uma merda e além disso, amar um cara, praticamente pela internet era uma puta merda.
Eu amo o Marcio. Não sei porque... As vezes ele me parece o cara mais filho da puta que existe e as vezes parece o melhor de todos... Eu gosto de caras sensíveis, que choram, que tem fraquezas... Marcio sabe interpretar bem esse papel. Ele é doze anos mais velho que eu e não achei que haveria problema nisso. Ele me convenceu de que só dependeria de nós para dar certo, mas uma coisa essencial a isso é a vontade... E agora, Marcio não parecia ter vontade de que as coisas dessem certo pra gente...
Primeiro, o problema: Ele prefere falar comigo pelo Icq, do que pelo telefone ou ao vivo mesmo e passar semanas sem nos ver... Claro que não gosto disso, não há espaço para Icq no meu romantismo tão crónico quanto minha tristeza... Mas o pior não estava aí, toda vez que queria conversar com ele sobre isso, eu disse, conversar, ele armava a maior briga, se punha de vítima, tentava me deixar com a consciência pesada e parava a briga sem me responder nada porque não gostava de brigar, dizia ele.
Naquela tarde em que eu já estava um tanto desanimada, entrei na internet pra variar... Estava conversando com uma amiga sobre o quanto estava triste por causa do Marcio, que tinha inúmeros medos e inseguranças e achava que ele não queria simplesmente que desse certo. Nesse instante, o dito cujo se conectou e antes mesmo de me dizer oi perguntou aonde eu estava durante todo o fim de semana.
Eu estava em Guararema, uma cidade do interior muito agradável que vou geralmente para me recuperar das mazelas de simplesmente existir, mas que do ultimo fim de semana passado lá não adiantara tanto.
Disse que estava em Guararema, ué. Ele reclamou que eu não avisei que iria. Perguntei porque avisar. Ele respondeu que era por consideração.... Não era possível, como alguém que tentava me manipular de tal jeito, e me deixava numa relação praticamente jogada num quarto de tranqueira inabitado agora pedia por consideração? Que consideração ele tinha por mim? Já havia completado mais de um mês que não nos víamos. Eu fui operada nesse meio tempo e ele nem foi me visitar e alem de tudo, falava comigo a hora que ele quisesse, pois não era sempre que ele saía do invisível pra falar comigo. Que consideração eu devia a ele?
Há tempos que tenho tentado me manter calma, tenho tentado não brigar com ele, tentando Não "estragar" as coisas... mas, enfim, as coisas já estavam estragadas. E eu amava ele...
Enfim, falei, disse que minhas saudades não poderiam ser sanadas via icq e que se as dele sim só poderia haver alguma coisa muito errada.
E então seguiu-se um monólogo entre eu e eu mesma... Sim, porque enquanto eu falava que estava me sentindo mal com tudo aquilo, o Marcio se estressava e praticamente me deixava falando com a mão dele. Um puta desrespeito. Se ele fosse sensível prestaria no mínimo atenção caso eu estivesse falando que não estava bem.
Tentei levar tudo pro lado racional. Perguntei se eu tinha feito algo de errado, se ele tinha algum problema. E ele encerrava o assunto da parte dele e pedia (mandava) que eu parasse... Parar? Oras, claro que não! Quem ele pensa que eu sou? Depois de Ter oferecido meu amor incondicional e Ter esquecido avisos que me fizeram para não me envolver com ele (avisos vindo do irmão dele) depois de todo sofrimento que passei, toda a saudades que tive... eu? me calar? Não... ou melhor.... disse que ele estava errado, que ele deveria me ouvir, mas que o amava o suficiente para aceitar aquilo também...Sim, eu disse isso...Mas ele já sabia que eu estava em suas mãos, o jeito agora era lembrar ele que eu num era sua inimiga numero 1 e sim a menina que sofreu muito por culpa dele, ainda sofre, mas independente disso, o ama muito.
Adiantou? Não... foi pior... mesmo depois de Ter dito aquilo, ele foi grosso... disse para eu virar o disco, que eu não era madura (isso não entendi até agora), que tudo estava bem. Aí disse que talvez não houvesse problemas pra ele, mas pra mim sim e que ele ao menos deveria prestar atenção no que eu estava falando. Perguntei se ele poderia pensar um pouco em mim e na hora já respondi dizendo eu acho que não né. Tchau. E antes de ele se desconectar, antes dele perceber a minha situação, a puta saudades que eu tinha de fazer carinho nele, de beijar e abraçar ele, que aquilo tudo era só um pedido de atenção de alguém que o amava muito, ele mandou uma mensagem dizendo "Cresce!"...
Me senti massacrada... Nesse mesmo dia, havia comprado seu presente de aniversário que era dali a dois dias, tive vontade de jogá-lo pela janela. Me senti humilhada, ignorada... reduzida ao mais ignóbil ser da face da terra. Como alguém que devotei tanto amor pudesse Ter feito aquilo comigo? Me agredido daquele jeito?
Sim, eu sou jovem. Sou 12 anos mais nova que ele e já tenho inseguranças o suficiente quanto a minha idade...Ninguém acredita em mim, afinal, sou só uma menininha... Mas jamais pensei que ele pudesse Ter feito aquilo comigo, não ele. Ainda me lembro quando ele me enchia de elogios e achava extraordinário que a minha pessoa pudesse Ter minha idade...Mas que performance!! Marcio merecia o Oscar...
Chorei, gemi, gritei... Tudo já estava péssimo e agora até em quem eu buscava. um apoio colaborou para que eu ficasse ainda pior... Gani de dor...Doeria menos se ele tivesse me dado oitenta chibatadas... Meu rosto se umedeceu por inteiro.. As lágrimas, numerosas, deturpavam minha visão... Como? Ele? Será que me enganei novamente e ele é o vilão que tanto tenho medo?...Como em todo romance, sou uma mocinha ingênua...ingênua não, burra mesmo! Burra! Como você pode amar esse cara? Como você póde Ter confiado seu corpo e sua alma a ele? Burra! E ele acha que você é uma pirralha, ridícula... Alias, você é uma pirralha ridícula... Ouvia vozes em minha cabeça enquanto pedia em voz alta para morrer.
Me desconectei e retornei ao choro. Tive vontade de catar uma faca e passar no pulso... Droga! Não tenho coragem! Rezei para que meu coração parasse como que do nada. Não fora apenas uma palavra que desencadeara no meu ataque de tristeza crónico grave, fora todo um conjunto completo para uma boa fossa. Uma vida sem sentido, uma escola chata, discussões com pessoas queridas, sensação de abandono e gosto pela morte. E ele, o homem que eu amava, me mandou a merda como toda minha vida já vinha me mandado... Aí fora o fim...Fui pro banheiro, olhei meu rosto, chorando novamente...Liguei o chuveiro e chorei debaixo d´água até que ela pudesse se confundir com minhas lágrimas... Eu estava quente, talvez tivesse febre. Gritava para morrer. Pedia pra que ele visse o que ele fez... que percebesse... Ele não perceberia, ele é orgulhoso demais, se acha dono da palavra... ele raramente reconhece defeitos, alias, defeitos de caráter, de dono da verdade, sei que no fundo ele possui a convicção de não Ter... Chorei, mordi minhas Mãos, arranhei minhas pernas...Sentei no chão do box, deitei, me joguei... Chorei, gritei e agonizei até paralisar de tristeza. Até que não conseguisse mais chorar nem soluçar... Me perdia em pontos pelo meu banheiro e calei...Fiquei pensando como seria se eu me matasse... Acho que só não me mato por causa de meus pais, os que sofreriam de verdade, eles não tem porque assistir a morte de uma filha e a ultima coisa que quero é fazer eles sofrer pois sei que eles não entenderiam que naquele momento meu maior sonho era morrer e por fim, Ter o alívio de deixar tudo pra trás... Uma vez, eu achava que a vida valia a pena, mas é difícil ver isso quando se tem os olhos cobertos de lagrimas... Fiquei tentando descobrir se deveria tentar continuar algo com Marcio, ou simplesmente nunca mais falar com ele. Fiquei confusa com relação ao presente que comprara...Entrego ou Não? Ah não... Muitas escolhas, muitos caminhos, muitos erros...Era mais fácil morrer, pensei em ir pra cama e não sair mais dela, não comeria o que me trouxessem, urinaria e defecaria lá, não diria uma palavra, apenas esperaria pela morte lenta, definhando aos poucos... Li isso num livro, a personagem foi parar num manicómio internada pelos familiares... manicómio? É uma boa! Sempre me achei meio louca, lá ao menos ninguém diria para eu crescer, me perdoariam de qualquer coisa porque afinal coitada, ela é louca... Pensei também em virar esquizofrênica, e criar um novo mundo...Olhei pra privada a minha frente e tentei imaginar um trono real...Não, não dá certo... Eu quero morrer.... Voltei a pedir pela morte, agora em voz baixa como se fosse uma oração. Pedi para que não acordasse viva no dia seguinte porque minha tristeza era muito grande e eu já Não suportava mais...Acho que sou suicida...Acho não, tenho certeza... Suicida deprimida... Só seria um perigo se eu fosse corajosa...ah coragem... quem dera.... mas doía demais, pensei como seria o dia seguinte, agora pensando na realidade. Como enfrentaria aquele batalhão de aulas chatas sem nem ao menos pensar na merda que se resume minha vida...Sim, sei que muita gente está pior que eu e leva as coisas melhores, mas na minha opinião, Deus me dara um lençol e uma nevasca... Será que conseguiria passar o dia sem soltar uma lágrima? E a noite? Quando estou sozinha em meu quarto? Conseguiria não chorar? Eu amo ele e dói demais...
Aí vem o incrível do qual falo no começo deste longo (admito) texto... Desliguei o chuveiro, me enxuguei, sequei minhas lágrimas, assoei o nariz para não ficar fungando e fui assistir "Casa dos Artistas" com minha mãe.
Tem algo que me manda viver...

Ieda Marcondes - 11/03/02
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