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Cronicas-->Washington e a república das bananas -- 17/05/2002 - 13:19 (Lindolpho Cademartori) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Washington e a república das bananas

Por Lindolpho Cademartori



"O que acontece quando o candidato do governo perde a eleição presidencial no país mais rico do mundo? Ele aceita e reconhece a derrota, certo? Errado! Ele pede a recontagem dos votos! Nos Estados Unidos da América!"


Toda nação tem seu dia de caos. Anarquistas à parte, observemos o caso dos Estados Unidos. Uma ode ao regime democrático moderno, o gigante da América vem passando por uma das mais difíceis semanas de sua trajetória política. Como é que, pelos deuses da política, pode acontecer uma coisa dessas na maior e única superpotência do globo?
Se um fato como o que vem se sucedendo nos EUA se desse num país como o Paraguai ou o Zimbábue, talvez passasse como mais uma breve fachada de um exemplo de politicagem envolvida com corruptela. Perfeitamente comum. "Ah, gente subdesenvolvida!", diria um nova-iorquino da gema. E lá estaria Washington fazendo pequenos "Johns" e "Jacks" chorarem ao ver seus papais deixarem-os e irem correndo para a Casa Branca, pois são cientistas políticos especializados em analisar e resolver crises em rincões de pobreza. Têm início as críticas: " `Mwambo´ tem o apoio das Forças Armadas. Vamos mandar alguns mercenários". Ou " `González´ dissolveu o Congresso. Teremos que usar o Esquadrão SEAL.". Canetas laser percorrendo os telões de explanação estratégica com mapas da África e da América do Sul, enquanto que, no íntimo inviolável, aqueles mesmos homens se contorcem de rir da desgraça alheia alcançada depois de muito serem explorados pelas grandes potências. Terceiro Mundo é outra coisa...
Agora pegue o episódio fictício narrado acima, abrande-o um pouco e...surpresa!: coloque os Estados Unidos no papel da nação pobre e subdesenvolvida diante de uma crise política que cheira a corrupção. Por último, largue este maldito texto e abra o jornal: "Bush e Gore...". "Eleição indefinida...". "Recontagem de votos...". "Flórida é uma dúvida...".
Sorriam, esquerdistas! Os Estados Unidos estão passando pelo ridículo digno de uma republiqueta de bananas! Até Fidel Castro, quem diria, abriu a boca para tirar um sarro com o vizinho do norte. Washington está envergonhada. Os democratas, mais ainda.
O que acontece quando o candidato do governo perde a eleição presidencial no país mais rico do mundo? Ele aceita e reconhece a derrota, certo? Errado! Ele pede a recontagem dos votos! Nos Estados Unidos da América!
Pobre Al Gore. Derrotado na Flórida, o democrata quase desiste da disputa após o primeiro round. Mas não! De jeito nenhum! Padrinho Clinton e seus charutos mágicos mexeram uns pauzinhos em Washington e...ei! "Senhoras e senhores, há irregularidades na contagem de votos da Flórida. O processo eleitoral será revisto e..." alguns arrependidos descontentes em Palm Beach querem votar de novo. "Vocês sabem como é, a cédula era confusa, os caras votaram num nanico reformador chamado Pat Buchanan e agora acham que fizeram tudo errado. Deixem-nos voltar atrás. Vamos reinventar a democracia."
Enquanto isso, o pau continua quebrando no norte do continente. Os colégios eleitorais estão em polvorosa, a comunidade de Palm Beach e da Flórida estão enfurecidas e a Casa Branca resolveu promover uma rave oficial, com direito à jogo de luzes, música eletrónica e Bill Clinton se soltando no terraço.
É...seria de dar risadas se não fosse tão trágico. O estandarte-mor do Mundo Livre protagonizando uma palhaçada política de proporções, por assim dizer, estrambelhadas. Ninguém de fato sabe se o próximo presidente dos EUA será o pseudo-moderninho liberal, mais conhecido pela fachada de democrata, ou o conservador durão, preservador dos costumes aristocratas e preferido daqueles que acham que ainda vivem na Nova Inglaterra de 1810, mais conhecido pelo rótulo de republicano. Que venha Gore ou Bush. Essencialmente, os dois mantêm os mesmos pontos de vista maniqueístas e imperialistas e, verdade seja dita, nada - ou muito pouco - irá mudar para nós, gente latina e de pouca fé que vive ao sul dos trópicos.
Continuamos aguardando ansiosamente o resultado da eleição presidencial norte-americana. Enquanto eles quebram o pau na Flórida para ver se é Bush ou Gore quem tem mais votos, nós nos divertimos lendo jornais como o cubano Granma, que afirma que "mais uma vez aquela nação paga pelos crimes cometidos contra a nossa pátria cubana.". Pobre Cuba. Pobre Fidel. Quisera eu que eles soubessem que tanto faz Gore, Bush ou até mesmo o roqueiro Marilyn Manson ser o próximo presidente dos Estados Unidos que, de qualquer forma, muito pouco ou quase nada irá mudar. Quer mudar a História, Fidel? Traga de volta os cubanos que vivem na Flórida. Não, não os culpe pela confusão. Eles nem mesmo têm influência no cenário político nacional norte-americano. Culpe Clinton. Gore. Os democratas. Se quiser, até mesmo a comunidade judaica norte-americana. E, enquanto o vencedor não sai, tire mais um sarro da mais nova república de bananas do continente.

Lindolpho Cademartori
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