Autor: Marcel Agarie
Data: 18/03/02
Crónica: "A história da Sra. Aedes Aegypti (A dengue)"
Nascida em 14 de janeiro de 2002 em um bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro, a menina Aedes Aegypti dava os seus primeiros passos dentro de uma caixa d´água com a tampa levemente aberta e com muita água limpa parada. Ela mal sabia o destino que haviam lhe imposto. Talvez ela nem saiba que durante os 45 dias de sua vida, poderá levar até 300 seres humanos à morte. Acredito que nem seja essa a sua intenção, mas infelizmente essa foi a missão que lhe foi dada.
A passagem para a fase adulta foi rápida. Em poucos dias, a pequena menina Aedes já havia crescido e se transformado em Sra. Aegypti. Com isso, começou trabalhar e todos os dias pela manhã colocava a sua roupa de trabalho. Um avental com uma calça de couro rajada de branco. Um estilo bastante exótico e fashion, que a diferencia de outras espécies parecidas com a sua, como os Srs. Pernilongos, que são um pouco maiores e são frequentemente confundidos com a Sra. Aegypti. Trabalha apenas durante o dia, fazendo "transfusões de sangue" de seres humanos contaminados pelo vírus da dengue, deixando-os com dores na cabeça e nos olhos, febre alta, manchas avermelhadas por todo o corpo, fraqueza e falta de apetite. Quando a Sra. Aegypti faz mais de uma vez a "transfusão de sangue" em um mesmo ser humano, pode ocorrer também sangramento de gengiva e nariz. O seu marido, o Sr. Aegypti, trabalha como ela, porém não transmite o vírus da dengue. O trabalho pesado foi destinado apenas para as fêmeas da espécie.
Nos últimos 8 meses, a família da Sra. Aegypti migrou por todo o Brasil, deixando mais de 40 mil seres humanos contaminados pelo vírus da dengue, só na região do Rio de Janeiro.
Felizmente para todos os seres humanos e infelizmente para a Sra.Aegypti, os humanos estão se conscientizando e acabando com os criadores e lares da família Aegypti. Os principais locais onde vivem parentes da Sra. Aegypti são, em geral, os locais onde costumam formar poças com água parada, como pneus, garrafas vazias, copos descartáveis, piscinas abandonas, pratinhos de vasos de plantas, entre outros depósitos de água.
E em 2 de março de 2002, a Sra. Aegypti faleceu. Exatamente 5 dias depois do falecimento do Sr. Aegypti. Eles vieram falecer na cidade de São Paulo, na tentativa de perpetuar a espécie por todo o Brasil, mas infelizmente - para os Aegyptis - não encontraram nenhum local apropriado para a procriação de novos filhotes, pois os humanos da região estavam conscientizados e já haviam destruído todos os criadouros de Aedes Aegypti.
Água limpa é para beber e não para a Dengue crescer.
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