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Cronicas-->O caldo e a cebola -- 29/11/2000 - 13:36 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A literatura apaixonada trata os casais como a junção de metades perfeitas. Alguma coisa como "se você não encontrou sua cara metade, não encontrou o amor para sempre".

É complicada essa concepção cítrica dos relacionamentos, pois une pessoas feito pedaços de laranja. Até sinto um cheiro de machismo no ar. Casamentos são as combinações de diferenças. Diferenças de pessoas completas e não de meias pessoas.

Minha parceira não tem que ser minha metade. Espero dela amor por inteiro e que inteira esteja para receber o meu amor. Eventualmente, por conta das circunstàncias do dia-a-dia, pode acontecer dela estar aos cacos. Vou apoiá-la para que se reconstrua. Mas só poderei experimentáar minha parceira em sua plenitude se estiver completa. A recíproca é verdadeira, confirmariam os matemáticos (apesar de haver teóricos que demonstram sem cerimónica que um mais um é igual a três).

É uma questão de encaixes, literal e filosoficamente. Estou mais para a óptica do eletricista e do mecànico, que tratam das junções em seus negócios como machos e fêmeas, do que para esse jeito puzzle de ser em que você encaixa em um único lugar ou perde o sentido.

A parceria é uma questão de escolha. Suas possibilidades são infinitas, mas a satisfação se dá apenas em alguns casos. Entre tomadas, porcas e parafusos, as pessoas experimentam os melhores encaixes. Mesmo que encaixes não sejam necessários. Afinal, o amor não acontece apenas entre machos e fêmeas. Os iguais também apresentam as diferenças fundamentais para que o amor aconteça. E ele acontece.

Em casa, por exemplo, as diferenças são tantas que é difícil explicar porque estamos juntos, pelo menos à primeira vista. Ela gosta de sair; eu não. Eu vivo inventando; ela é mais pé no chão. Odeio circular durante horas dentro de um shopping; ela ama. Beber uma cervejinha é com ela. No fim de semana, eu disse que ia tomar um copo. De olhos arregalados, meus filhos fizeram coro: "Vocêêêê beeeeebe????".

Mas é só conviver um pouco mais com a gente para saber que são exatamente essas diferenças que aproximam. Um bom exemplo é o bife acebolado que a Dona Beatriz faz frequentemente. A Rê fica com o caldo. Eu como a cebola. Juntos, devoramos todos os bifes porque os dois são igualmente gulosos, apesar das barrigas diferentes.

Quando ela faz dieta, dou o maior apoio. Posto que ela prefere os salgados, banqueteio com a molecada entre bolos, doces e sorvetes. Eles ficam felizes, ela não se incomoda e eu até faço uma concessão. Vez por outra, dou uma beliscadinha na sua salada. Nada de meio a meio, pois esse negócio de metade, lá em casa, nunca dá certo.

Maurício Cintrão
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