Gosto de receber e-mails dos leitores. Eles ainda são poucos, mas a esperança é a última que morre. Ainda acredito que, um dia, vou ter que escrever neste espaço: "leitores, por favor, parem de mandar e-mails". Por isso, se você pensa que um comentário, uma crítica ou mesmo uma reclamação não fazem a mínima diferença, está redondamente enganado, ou enganada, ou os dois juntos.
Apesar de ser um ato solitário, o escrever é para os outros, sempre para os outros. Escrever e não ser lido não tem a mínima graça. Eu, pelo menos, escrevo para que alguém leia. E se o alguém é no plural, muito melhor. Tá bom, alguém não tem plural. Mas eu posso ter vários leitores, não posso? Então, era essa a idéia. Quanto mais gente lendo, maior é a possibilidade de alguma boa alma enviar um comentário, um elogio ou crítica.
É, isso mesmo, crítica. Por que não? As críticas fazem parte do processo criativo. São muito importantes. Chegam a ter papel essencial no desenvolvimento de qualquer autor. Mas, por favor, enviem críticas construtivas. Nada do tipo "o Fernando Sabino escreveu sobre o mesmo tema e o fez com muito mais qualidade". Comentários simpáticos como "você é chato, heim?". Ou reflexões profundas como "por que você não experimenta esgrima?".
A sua opinião poder ser um importante combustível. Pois tenho certa dificuldade em manter a produção diária de Cronicas. É um desafio bem interessante, mas muitas vezes complexo, posto que não faço só isso na vida. Assim, escrevo Cronicas quando posso, apesar de nem sempre querer escrever Cronicas quando posso.
Começo a aprender a conviver com esse vai e volta da vontade buscando não ficar angustiado. Às vezes, é difícil. Minha expectativa é sempre tirar do nada a palavra mágica, a frase brilhante ou a construção ideal que engatilhem um texto interessante. Há dias, porém, em que nada acontece.
Já me peguei toureando algumas idéias bem simpáticas. Mas, sem aquela vontade especial, o texto fica absolutamente insosso. Gosto de guardar essas experiências para mais tarde pois, em caso de inspiração excedente, sempre sobra material para reconstruir textos deixados para trás.
Um comentário seu, portanto, pode ser determinante para que a inspiração volte. Ou se acabe para sempre. Por isso, não se acanhe. Escreva para mim. Dê a sua opinião. Prometo que não choro.
cintrao@hotmail.com
Maurício Cintrão
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