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Cronicas-->Aviões movidos a sonhos -- 13/09/2000 - 08:44 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fico amargurado quando cai um avião. Qualquer acidente com vítimas fatais provoca amargura, eu sei. Não sou diferente de vocês. Mas acidentes com aviões me impressionam mais. Isso não acontece apenas porque geram muitas vítimas de uma só vez. É mais do que isso.

Aviões que caem trazem para mim um quê de magia desfeita. É como se um Mister M aeronáutico qualquer resolvesse mostrar para o mundo como funciona (ou deixa de funcionar) a mágica dos vóos. Desculpem se exagero. Definitivamente fico desolado com acidentes de aviões.

As estatísticas mostram que morrem menos pessoas em desastres aéreos do que no trànsito terrestre. Aviões são máquinas caríssimas, na maioria dos casos bem conservadas e pilotadas por profissionais altamente capacitados. Mas não é esse aspecto que me fascina.

É difícil explicar.

Os aviões transportam meus sonhos desde pequeno. Em meu imaginário infantil, voar era embarcar no futuro. Talvez por isso, quando passava em frente do então Centro Técnico da Aeronáutica, em São José dos Campos, ainda menino, imaginava ficar ali um dia, como aluno ou militar de carreira.

Mais tarde, li Saint-Exupery e voava na carlinga dos seus textos dividindo com ele os momentos fantásticos de flanar pelos céus - generoso piloto que dividia com os leitores suas experiências de vóo.

Infelizmente, não virei aeronauta. Na definição das rotas da minha vida, acabei indo voar em outros céus. Hoje, piloto letras. Projeto aviões de palavras. Mas não deixo de babar quando vejo um avião em pleno vóo.

Sou do tipo que vê um avião passando e ainda se pega surpreso diante daquele bichão flanando no ar. Não raras vezes já me peguei pensando: "como é que uma coisa dessas consegue ficar lá em cima?". É bobo, eu sei, mas não consigo evitar.

Os aviões passam e eu ainda sonho.

Pensando bem, acho que os aviões são tão seguros porque outros sonhadores como eu endereçam sonhos às nuvens através dessas naves surpreendentes e, em um esforço coletivo, sustentam vóos. Pois os sonhos são mais leves do que o ar. Talvez por isso fique especialmente triste quando caem aviões. Pois derrubam-se com eles os sonhos de todos aqueles que voam sem poder voar.

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