José pereira da silva
Tinha herdado uma terrinha
Vendeu e foi pra cidade
Levando tudo que tinha
Como era muito pouco
Abriu barraca de coco
Com esperança ele vinha.
Naquela bela prainha
O Zé se estabeleceu
Pegou grande freguesia
Pois coco muito vendeu
Zé do coco era apelido
como ficou conhecido
seu comércio floresceu.
Ali muito bem se deu
Era um jovem esforçado
Apesar de meio xucro
Era bem determinado
Tinha um corpo de atleta
Só andava de bicicleta
Por isso ficou sarado.
Era muito disputado
Por madame e coroa,
jovens e mulher casada
tinha muita mulher boa,
mas só uma era fatal
usando um fio dental
Zé queria pra patroa.
A garota era à-toa
Só gostava de ficar
Ficava com qualquer um
Não escolhia o lugar
Zé do coco assuntava
E calmamente esperava
A garota pra casar.
Sem um dia Zé esperar
A menina foi à barraca
Usando seu fio dental
Rebolando feito paca
Ficava só provocando
Os cocos dela mostrando
Zé do coco quase ataca.
Mesmo achando ela uma vaca
O Zé ficava babando
Olhando sua tatuagem
Ficava se segurando
A menina percebeu
Um sorriso ofereceu
Uns dentes lindos mostrando.
O rapaz quase estourando
Naquela situação crua
Meio doido e encabulado
Querendo sentar a pua
Tava perdendo a razão
O volume do seu calção
Mais alto do que a lua.
Ela estava quase nua
Quase não cobria nada
Parava gente na rua
Ela era uma parada
Era gostosa demais
Deixava louco o rapaz
Com sua barraca armada.
Menina muito safada
Tirava sempre fininho
Tentando ficar na sua
Chegou no Zé bem juntinho
E nele o corpo encostou
Com voz manhosa falo
Dê-me um coco Zezinho.
Os cocos dela pertinho
O Zé do coco pegou
Levou pra trás do balcão
O biquíni dela Tirou
Ali se deitou no chão
Matou logo seu tesão
A menina ele traçou.
Depois ela se mandou
mansamente foi embora
Sem dizer uma palavra
O Zé pensou sem demora
Com essa vou me casar
Eu até posso jurar
Será a minha senhora
Mas o Zé tava por fora,
pois o tempo foi passando
E a menina não voltava
Um desespero foi dando
O Zé não agüentava
A menina não voltava
Ele foi se acostumando
Já nem tava esperando
Da menina nem lembrava
Nem do seu fio dental
Tranqüilo agora estava
Depois quele passou mal
Vendo o biquíni fatal
Nem pra mulher ele olhava.
Nela não mais pensava
Tinha ficado três meses
Sonhando com a divina
Só trabalhava às vezes
Aquela imagem era sina
pra esquecer a menina
Só novena rezou treze
Tinha comprado reses
Tava pensando em casar
com uma moça de bem
Um terreno ia comprar
Ou mesmo a casa feita
Queria uma esposa direita
Pra com ela ir morar
Pro sonho realizar
Sua barraca ia bem
Tinha muita freguesia
Contando dá mais de cem
por sua grande simpatia
Trabalhava noite e dia.
Não dispensava ninguém.
Mas o destino porém
Pro Zé outra aprontou
Só pra enfeitar sua testa
Aquela menina voltou
Num só dia fez a festa
Foi embora nada resta
Tudo que o Zé sonhou
Belo dia Zé avistou
Quase escureceu a vista
Sua amada acompanhada
Com um garotão surfista
Num chamego abraçada
A menina não vale nada
Por mais que o Zé insista.
Depois de fazer uma lista
Zé vendeu tudo que tinha
Acabou seu sentimento
Deixou a bela sozinha
pra acabar o seu tormento
Foi ser padre num convento
Só para esquecer a zinha.
