Eu tenho medo da dengue
E da gripe mal curada
De aranha e escorpião
E de mulher mal amada
Duma guerra nuclear
De um dia me engasgar
Tomando uma limonada.
Gente mal intencionada
Tenho medo pra chuchu
Da falta de liberdade
E da nódia do caju
De bandido traficante
De político elegante
E da praga do urubu.
Medo da cobra urutu
Da volta da inflação
De um golpe militar
De greves e confusão
Tenho medo do escuro
De um dia ficar duro
Tenho medo do apagão.
Meu medo é do coração
Dum dia tá enfartando
Da pneumonia asiática
Que no mundo tá espalhando
Meu medo é da previdência
Que nunca dá assistência
Nunca cura e tá matando.
O medo do Busch mandando
Em tudo quanto é país
Medo da megalomania
Desse sujeito infeliz
Tenho medo de gente falsa
De no Rio andar de balsa
De quem fala e nada diz.
Medo de mulher atriz
Que engana dissimulada
Tenho medo do futuro
Do assalto à mão armada
Medo de ir pro inferno
De ter caixão como terno
De sofre uma barruada.
Sinto medo da facada
Na mordida do leão
Tenho medo da policia
Quando ela dá proteção
É tiro pra todo lado
Medo de ser baleado
No lugar de um ladrão.
Medo de dar convulsão
Tenho medo de promessa
De político desonesto
Faz do dinheiro a remessa
Rouba a nação sem pudor
Mandando pro exterior
Sem que ninguém lhe impeça.
Medo de quem tem pressa
Na estrada brasileira
Dirigindo feito louco
Prestes a fazer besteira
Matando na imprudência
Provocando à violência
Às vezes na bebedeira.
Pavor de gente encrenqueira
E da pessoa recalcada
Dum raio na minha cabeça
Medo de gente safada
Medo de pegar piolho
De doença no meu olho
E da bondade disfarçada.
