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Cordel--> -- 19/03/2003 - 18:21 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O vaqueiro garanhão


Autor: Daniel Fiúza.
19/03/2003

01

Nascido em Quixadá
Criado com rapadura
Um vaqueiro analfabeto
Começou sua vida dura
Tocando gado no pasto
Aboiando pro seu Basto
Não tinha vida futura.

02.

A simplória criatura
Tinha nela algo de nobre
Tudo meio indefinido
Só depois quele descobre
Sua certa vocação
De vaqueiro garanhão
Quando mulher ele cobre.

03.

A sua família era pobre
Moradora da fazenda
O seu pai era vaqueiro
E sua mãe fazia renda
tinha oito irmãos varões
Todos viraram piões
Mas só ele virou lenda.

05.

Iria ganhar muita prenda
Com seu destino risonho
Seu belo porte de atleta
Para mulher era um sonho
Nenhuma lhe resistia
Seu charme sua simpatia
Proporcionava seu ganho.

06.

Ele se chamava Antonio
De sobrenome pereira
Cresceu e ficou bonito
Era sucesso na feira
Tinha muita formosura
E mesmo sem ter finura
Não era flor que se cheira.

07.

Filho de mulher rendeira
Novinho ele já bulia,
Pois começou muito cedo
A gostar duma folia
Se atracava no mato
Pegava todas no ato
Pra fazer estripulia.

08.

E toda mulher queria
Por ele ser possuída
Por ser um cara potente
A transa era preferida
Podia vim de montão
Quele não enjeitava não
E a missão era cumprida.

10.

Quem conhecia sua vida
Dizia ser anormal
O cara era incansável
Pra comer ele era o tal
Ficava de prontidão
Sempre cheio de tesão
Pra dar o bote fatal.

11.

Falaram na capital
A respeito do rapaz
Que ele comia todas
A noite não tinha paz
Maria Tereza ou Camila
Às vezes fazia fila
E logo chegava mais.

12.

Nessa vontade sagaz
Sua fama se espalhou
Todo mundo comentava
Sobre o moço comedor
Que comia sem cansar
Nunca pensava em parar
Sempre mostrando valor.

13.

Um repórter se interessou
Quis o Antonio conhecer
Foi procurar pelo moço
Para a verdade saber
Se muita mulher amava
Quantas na noite ele dava
Sem cansar e sem morrer.

14.

O rapaz sem entender
Não quis que ninguém ouvisse
Tava meio envergonhado,
Mas afirmou: - é crendice!
O povo fala demais
Mas não vou negar jamais
Se negar é cretinice.

15.

Para o repórter ele disse:
Que nunca tinha contado,
Mas fazendo certos cálculos
Sem achar que tava errado
Umas cinqüenta ele comia
Juntando a noite e o dia
Sem ficar muito cansado.

16.

Talvez tenha até passado
Meio orgulhoso afirmou
Se elas são diferentes
Muitas tacadas eu dou
Só com uma é muito ruim
Fico enjoado assim
Com várias sou comedor.

17.

A notícia se espalhou
Deu no jornal nacional
Falando desse fenômeno
O povo achando legal
Uma firma se interessou
Toda a despesa pagou
Patrocínio e bacanal.

18.

O sucesso foi total
Com toda a divulgação
Propaganda veiculada
No radio e televisão
Falavam de costa-a-costa
Gente já fazia aposta
Saiu até no Japão.

19.

Eles pagavam um milhão
Para o Antonio comer
Cinqüenta de uma vez
Sem intervalo fazer
Fariam o grande evento
Grande acontecimento
E uma multidão ia ver.

20.

O moço não tinha porque
Não aceitar a jornada
Botava fé no seu taco
Pra perder não tinha nada
Já estava acostumado
Dias e noites acordado
Na farra c’a mulherada.

21.

Antonio aceitou a parada
E assinou um contrato
Foi pro Rio de janeiro
Pra concretizar o ato
O Maracanã escolhido
Num domingo definido
Era uma atração de fato.

22.

O ingresso nera barato,
Mas tava todos no rol
Faziam filas imensas
Parecia o futebol
Numa tarde de Fla-Flu
Ou inter e grêmio no sul
Gente levando lençol

23.

Foi num domingo de sol
Começou de manhãzinha
O Maracanã lotado
Cinqüenta mulheres tinha
Com o Antonio preparado
Um esquema foi montado
Muitas apostas continha.

24.

Toda fêmea era certinha
Uma da outra diferente
Lindas e maravilhosas
Cada uma mais caliente
Ruiva, morena ou loura!
Nenhuma era caloura
Só tinha garota quente.

25.

A televisão presente
Imprensa do mundo inteiro
O vaqueiro foi comendo
Uma por uma, ligeiro!
Sem fazer uma besteira
Não tava pra brincadeira
Agia feliz e faceiro.

26.

O povo via o vaqueiro
Amando cada mulher
A platéia se esbaldava
No peão botava fé,
Pois ele ia muito bem
Não escapava ninguém
Tonhão mostrou como é.

27.

Torcida aplaudia de pé
Trinta já tinha traçado
Todas saia na boa
Antonio ainda animado
amando numa beleza
O pessoal na certeza
Quele era bem dotado.

28.

Um pouco desanimado
Quando a quarenta pegou,
Mas ainda com o gás
Transando continuou
Já batendo o cansaço
A torcida no cagaço,
Mas nele ainda acreditou.

29.

Na penúltima ele entrou
Antonio estava pifando
Faltava comer só uma
Não tava agüentando
quando a penúltima acabou
Cansado ele desmaiou
E a torcida vaiando.

30.

Ninguém tava acreditando
No vaqueiro tão mané
Por ter pisado na bola
Bem nessa última mulher
Vá vê quera bichona
Uma criação da zona
Prele não deram colher.

31.

Cem mil pessoas de pé
Em coro coordenado
Xingavam o moço Antonio
De boiola e de viado
Antonio perdeu um milhão
Cinqüenta, deu conta não
Ficou no chão desmaiado.

32.

Por não dar o se recado
Deixou de ganhar dinheiro
Ficou nas quarenta e nove
E voltou a ser vaqueiro
Ficou desqualificado
Pegou fama de viado
E nunca mais foi inteiro.






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