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Cordel-->O CRAMUNHÃO -- 20/01/2002 - 12:44 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CRAMUNHÃO

Encontrei o Cramunhão
no camim da Paraíba
cum rabo riscano o chão
e um ispeto pra riba
cum os óio de cancão
e as oreia discaida.

Mió eu ter incontrado
uma parmera caída
ficar dois dia sentado
em riba da macaíba
do qui ter viajado
nos camim da Paraíba.

O bicho é muito feio
quando me viu amoitou-se
começou ringir no meio
pru meu lado deu dois coice
deu dispois um arrudeio
foi como briga de foice.

Eu fiquei arripiado
o coração tum tum tum
os dois ói arregaiado
sentindo aquele budum
ninguém tiria notado
o cacho qui dei de pum.

Num tinha sido infoimado
num tinha tido a idéia
num tinha me afobado
cum aquele saco de péia
era mió ter tumado
um litro de meropéia.

Eu ia pra Cajazeira
ele vinha pra Bayeux
onde passava a pueira
de longe pudia ver
quem tiver cum tremendera
deve já parar de ler.

A coisa vai ficar feia
no qui ainda vou contar
no camim qui serpenteia
no rumo da capitá
quem tiver sapato e meia
é bom mermo arritirá.

Tem nego qui vai correr
tem outro qui vai chorar
tem cabra qui vai morrer
tem macho qui vai vasar
outros vão se isconder
do bicho qui vou mostrar.

O bicho tem chero ruim
num tem venta pra guentar
nas costa tem um cupim
qui num para de coçar
tem o seu dedo mindim
bem maior qui o polegar.

Tem os ói bem redondim
na testa de brucutu
um deles vendo pra mim
o outro em riba de tu
paricido com Canhim
cruzado cum cururu.

Tem chifre feito bode
o bicho pai de chiquero
tem uma venta qui pode
saber-se de quarquer chero
é peludo nos culote
é feio pru derradero.

Ele tem duas oreia
cum elas num tem quem possa
ouve de longe uma abeia
mexeno em quarquer roça
ouve conversa alheia
daquelas qui num se possa.

Tem os dente afiado
tem umas presa de cachorro
você pode tá trepado
em riba de quarquer morro
num se dê por iscapado
pois o Fute é um tinhoso.

O pescoço é de hiena
cheio de munta veia
sustenta sem haver pena
a cabeça qui meneia
no mundo fazeno cena
pra coisa ficar mais feia.

Os braço são cabeludo
de pelo qui ninguém tem
os peito são bem carnudo
é ruliço até o acém
faz medo de se ver tudo
o tudo qui o bicho tem.

Chegano lá nas viria
aqui num devo falar
acho qui eu num devia
pro nive num abaixar
me adiscupe que quiria
essas parte eu vou pular.


O bicho é bem lombudo
lá na traseira o qui há
mais imbaixo é parrecudo
pru riba tem a tampar
um rabo grosso e peludo
qui se vivi a balançar.

Na ponta tem um penacho
cuma se fosse pustiço
pra afugentar do regaço
as mosca e outros bicho
desceno pelo ispinhaço
aquele grosso rabicho.

As perna qui o bicho tem
se droba feito galinha
pula pra mais de cem
em quarquer canto se aninha
se assenta cum o sedém
paricendo uma tinha.

O bicho tem pé de bode
as unha tem uma artura
num tem terreno qui pode
pedir ali ferradura
quando o bicho se sacode
se mutiprica a quintura.

Naquela artura do feito
eu tava todo inrolado
sem meu juízo prefeito
isquici para qui lado
de ter saído do leito
pru que tinha viajado.

Se era noite num sabia
se era dia tombém não
na minha frente só via
aquela iscuridão
e a catinga subia
saída do Cramunhão.

O bafo qui ele dava
nunca mais me isquici
os pelo qui arripiava
os quase qui ali morri
hoje num lhe contava
as hora qui já vivi.

Mas aqui continuano
de tudo qui se contou
do bicho qui tou falano
e qui você nunca oiô
quem sabe tá lhe isperano
pru forró qui preparou.

Quando você chegar lá
vai saber do cantador
quem sabe vai incontrar
sua sogra ou seu avô
butano pra rebolar
o qui tem mais de penhor.

Eu sube qui vai dançar
minino, véi e doutor
o forró qui vai rolar
cum sonfona e cantador
nunca vai terminar
esse pisa na fulô.

Eu hoje num tem mais medo
disso tudo infrentar
num vou chupar meus dedo
vocês vão me acumpanhar
pois se acabou o segredo
o Cramunhão vai chegar.

Termino em boa hora
acabei de apresentar
o Cramunhão qui agora
nunca mais vai lhe deixar
seu nome num tá de fora
no forró qui vai ter lá !!!


________________________

LITERATURA DE CORDEL
Por Marco di Aurélio
João Pessoa – Paraíba – Brasil
Maio de 2001.
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