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Cordel-->O HOMEM QUE MATOU UMA ALMA -- 20/01/2002 - 12:43 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O HOMEM QUE MATOU UMA ALMA

O pai de um amigo meu
chamado por Mané Ramo
lá na cidade do Prata
um dia passou engano
quando em seu quarto dormia
numa noite calma e fria
debaixo lá de seus panos.

Tinha lá sua meia idade
considerado valente
carteira de sertanejo
tinha uma vida contente
sossegado ali vivia
defendendo sua cria
sendo muito competente.

Era um bom fazendeiro
de tudo lá ele tinha
muito gado muito bode
capote e muita galinha
vivia na natureza
com a maior singeleza
feito água de quartinha.

Mesmo sendo ali matuto
sua cultura embora
era o fruto da vida
o seu rosário de glória
tirado lá das conversas
sem da cidade às pressas
era ouvinte de estórias.

Lá uma bela noite
lá se deu mal pra dormir
era uma cidade pequena
no sertão do Cariri
de vizinhança querida
em uma paz infinita
que se reinava ali.

Quando alta madrugada
sem os olhos ter cerrado
foi tomado pelo medo
como se fosse um pecado
pois dentro de casa ouviu
um barulho que partiu
feito carta de baralho.

O suor tomou-lhe o rosto
quase não se levantou
quando lembrou sua honra
que da casa era senhor
botou o pé no chinelo
feito vara de marmelo
o tremor lhe começou.

Teve medo de morrer
na zoada que se tinha
ouvida vindo da sala
parecia da cozinha
pelo jeito o bicho era
o portador da miséria
ou o diabo que lhe vinha.

Não chamou ninguém da casa
a enfrentar o tinhoso
também não queria ser
considerado medroso
pois ali desconfiava
que de tamanha zoada
era o bicho poderoso.

Lembrou-se do clavinote
material bocaneiro
encheu-lhe de chumbo grosso
precisava ser certeiro
ocupou-lhe quase o cano
com meio metro de pano
sendo ali muito ligeiro.

E se fosse uma alma ?
na cabeça lhe passou
com o tiro preparado
ninguém nunca escapou
acrescentou para o mal
mais uma quarta de sal
pra alma que ali entrou.

Arrastou-se pela casa
feito cobra pelo chão
chegando em plena sala
no alto viu um clarão
acendeu sua narina
detonou a lazarina
foi um tiro de canhão.

A alma caiu batendo
seu Mané se afastou
a cidade em pavorosa
quase toda se acordou
pra saber o que ocorreu
e quanta gente morreu
no estourar do tambor.

A rua se encheu de gente
foram chamar o doutor
parecia que a família
de seu Mané acabou
mas no meio da fumaça
passada toda desgraça
todo mundo escapou.

Quando alguém lhe perguntou
ele foi lhe respondendo
que atirou numa alma
que dentro ficou batendo
foi aquele embaraço
pois ninguém botou no calço
tava tudo era tremendo.

Chegou-se um mais afoito
e na casa adentrou
saiu-se com ar de riso
pois lá dentro encontrou
uma parede furada
muita pena espalhada
e da pólvora seu fedor.

Entrou toda vizinhança
pra ver o que se passou
pelo tiro que se ouviu
parecia um horror
mas tudo não se passava
de uma rasga-mortalha
que na sala se aninhou.

Em cima de uma estante
de louça tinha um jarrão
pousada em cima a coruja
parecia assombração
seu Mané perdeu a calma
pensou que era uma alma
usou nela seu canhão.

Hoje o sertão deixou
a lazarina pra trás
seu Mané nunca mais viu
uma outra alma mais
felicidade da Prata
seu Mané com catarata
a cidade dorme em paz.

______________________________
LITERATURA DE CORDEL
Por Marco di Aurélio
João Pessoa – Paraíba - Brasil
Junho de 2001

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