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Cordel-->ARUBU -- 20/01/2002 - 12:33 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




ARUBU



Um belo dia de sol
debaixo de céu azul
na calma de um quartel
vestidos que nem embu
um soldado e um cabo
procuravam um predicado
pr’um bando de urubu.

Um dizia para o outro
que o bicho que ali se via
se chamava arubu
e o outro se ressentia
dizendo que o animal
era urubu coisa e tal
e outro nome não havia.

Depois de muita refrega
findando em confusão
o cabo disse ao soldado
que em outra ocasião
o nome lhe provaria
que o bicho que ali se via
era urubu outro não.

Passados dias depois
em um encontro fugaz
o cabo teve a sorte
de encontrar o rapaz
soldado analfabeto
e ele sendo esperto
não se deixava pra trás.

Fez questão de se estar
bem perto do coronel
pra consertar o soldado
do bicho que viu no céu
e ali tirar o feito
do nome o seu defeito
como cabo de quartel.

Requereu continência
do soldado que chegava
lhe segurou no assunto
quando o coronel passava
foi quando se aproveitou
e o cabo perguntou
àquele que o comandava.

Seu coronel, por favor
venha a nos ajudar
o soldado duvidou
do que lhe quis ensinar
ele diz que é arubu
lhe digo que é urubu
o que vemos a voar.

O coronel enfadado
já cansado de guerra
elevou a cabeça
com a vista quase cega
olhou pra revoada
não parecia ver nada
pra acabar a refrega.

Pensou muito e remoeu
aquele assunto disforme
que pontilhava o azul
com preto por uniforme
não sabia escolher
e pros dois satisfazer
lhes respondeu: confóime !!!

Desses três que conto aqui
apenas d’um hoje sei
ele virou vigilante
é quase um homem da lei
num banco a trabalhar
e não vão acreditar
no que aqui contarei.

Não foi o cabo porém
nem mesmo o coronel
foi o soldado pois sim
nessa estória que é
uma bela confusão
feita lá no sertão
numa cidade de fé.

Já trabalhava seis anos
numa agência bancária
e ainda era boboca
e com a vida precária
mas vivia numa boa
como sapo em lagoa
numa casa centenária.

Se dava com todo mundo
era aquela alegria
não existia assalto
ali nada acontecia
não era perto do mar
mas se podia falar
como fosse maresia.

Porém aquele coitado
teria em seu futuro
um dia não trabalhado
e um serão muito duro
muita adrenalina
co’a proteção divina
se sairia sem furo.

As noites nesse lugar
cada qual era a mais linda
a lua no belo céu
reinava com luz bem fina
o silencio imperava
e ninguém se acordava
sem amanhecer ainda.

Foi quando nosso mancebo
com todo brio valente
foi tomado de um susto
um zoar bem diferente
seu corpo todo tremia
aquilo não conhecia
desconfiava de gente.

Empunhou seu revólver
a lanterna noutra mão
rodou o quepe pra trás
e se jogou pelo chão
o peito pulava a toda
a coisa não era boba
faltou a respiração.

No escuro do salão
cada vez pior ficava
espiar bem rente ao chão
como se fosse estrada
vencer perna de birô
saber pra onde se olhou
entender o que olhava.

Nada se via então
a coisa ficou pior
toda cidade dormia
nosso herói estava só
o banco todo apagado
e o barulho entoado
repetia uma nota só.

Aquele som ecoava
naquele salão imenso
era datilografia
c’um jeito muito intenso
apenas não aparecia
ou quem com raiva batia
deixando o mancebo tenso.

Ele em fim localizou
o lado de tal zoada
o peito encheu de vento
com mais uma golfada
dali partiu pro segredo
se esqueceu de seu medo
e não pensava mais nada.

Feito calango verde
se arrastou pelo chão
rezava o padre nosso
pra enfrentar o ladrão
pedia como acalanto
ajuda de qualquer santo
São Cosme e São Damião.

A maquina então parou
com a reza que ele fez
mas o medo não passou
quem sabe o seu freguês
se preparava pro bote
lhe passando um calote
e lhe matando de vez.

De olho arregalado
continuou quietinho
olhando pro canto certo
não pensava em carinho
com sua arma na mão
era só ele e o cancão
iria vencer sozinho.

Foi quando recomeçou
como se fosse pirraça
a zoada aumentou
ai se deu a desgraça
a arma descarregou
seis tiros se destampou
só se via a fumaça.

Um silencio imenso então
bem ali aconteceu
em guarda inda deitado
o que foi que sucedeu
o banco arrodeado
um batalhão de soldado
e no meio estava eu.

O vigilante saiu
ofegante e suado
parecia ter saído
de um dia de roçado
daquela sobreviveu
não sabia quem morreu
era agora o esperado.

A policia então entrou
na frente o delegado
a cidade curiosa
esperava o rescaldo
mas o que se encontrou
foi parede e foi birô
cada um o mais furado.

Começava a inspeção
do tudo que ocorreu
o motivo da batalha
o que foi que aconteceu
a policia dedicada
agora foi dispensada
já que ali ninguém morreu.

Foi um funcionário
que mesmo sem ter querido
descobriu a origem
de todo aquele alarido
substituto ao sedex
foi precisar do telex
e o viu por destruído.

O vigilante coitado
do novo bem não sabia
pra ele não avisaram
da novidade sadia
que o telex comprado
sozinho dava o recado
sozinho mesmo batia.

___________________________
LITERATURA DE CORDEL
Por Marco di Aurélio
João Pessoa – Paraíba – Brasil
Agosto de 2001.
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