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Cordel-->A PRIMEIRA EM BODOCÓ -- 20/01/2002 - 12:31 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A PRIMEIRA EM BODOCÓ

Quando meu pai viu falar
num invento tão recente
correu tão de repente
na intenção de comprar
pra chegar no Ceará
tirou passage ida e vorta
de colete, calça e bota
num chevrolé todo azul
passado o chão do Assu
se chegava em Aldeota.

Já conhecia o lugar
das viagem que assim fez
pois lá já teve outras vez
quando ia a capitá
dessa vez ia buscar
um invento deferente
fabricado no ocidente
de alumino era feita
e dentro quarquer receita
de fria passava a quente.

Desceu da sopa cansado
tinha chero de galinha
levada pela vizinha
que lhe sentou bem do lado
mas pelo sono embalado
cum a mais forte missão
não ligou pr’aquilo não
só lembrava quem deixou
das légua que já andou
distante de seu torrão.

Sem ter havido querela
teve uma rede maior
de varanda em rococó
da casa era a mais bela
pertinho d’uma janela
oiando pru lado sul
boa noite céu azul
nenhum dinhero pagava
o corpo que descançava
na Rua do Mulungu.

No dia seguinte então
agora de corpo novo
dispois de um pão e um ovo
partiu numa lotação
o objetivo a missão
que lhe trouxe a capitá
atravessado um borná
um guarda-chuva uma maleta
uma vontade tão preta
daquele invento comprar.

Passava ruas inteira
numa boléia amarela
mió que burro de cela
carro de boi ou liteira
sem sentir sequer canseira
botou-se pra caminhar
nas rua da capitá
cheia de murici
feijão verde e piquí
de abacaxi aluá.

Tapioca bem quentinha
regada cum cajuína
mulé moça e menina
de tudo na praça tinha
um vento que bom lhe vinha
parecendo o aracatí
trazendo tudo pra si
de lixo a um bom prefume
mexendo da aba ao cume
seu chapéu de buriti.

Lá na Praça do Ferreira
num banco tomou assento
era aquele bom relento
aquela gente faceira
era que nem brincadeira
riqueza de ouro em pó
inté esqueceu o nó
que o levou para ali
pois tinha de o cumprir
debaixo mermo de sol.

Deixou a praça então
partiu para caminhada
nas rua abarrotada
cum a reserva na mão
procurava a invenção
cum o maior dos desejo
numa loja de azulejo
entrou fiel ao intento
saiu de lá tão isento
que nem um sapo de beijo.

De tudo encontrava um pouco
radio de pilha, loção
biliro, carro-de-mão
até laço de pescoço
se num fosse agora um moço
nessa loja que entrou
que logo lhe infoimou
daquilo que procurava
o endereço da casa
onde o invento chegou.

Atravessou duas rua
numa esquina se viu
a loja e um arripio
era a vontade bem sua
naquele dia de lua
achar o que procurava
no seu juízo reinava
a vorta que se queria
chegar em casa um dia
cum a invenção que sonhava.

Brilhano na partileira
de longe logo avistou
aquilo que procurou
e que lhe deu só cansera
parecia brincadeira
os óio d’água se enchia
e nela inté que se via
a sua vista fagueira
uma invenção de primeira
uma promessa cumpria.

A compra foi imbrulhada
papé madeira, barbante
ficando interessante
a quem dela num sabia
uma invenção que um dia
o mundo pudia usar
e comum dispois ficar
jogada numa cuzinha
que pra bunita ela tinha
que todo dia ariar.

Se foi para estação
cumprir a vórta pois bem
pois a passage que tem
pagou cum essa intenção
comprar a tal invenção
presentear a mulé
que esperava cum fé
na beira de sua estrada
junto cum a criançada
numa cuberta em sapé.

Chegou-se bem ricibido
poeira barba e cansaço
num longo e grande abraço
em alegria contido
foi logo tão compelido
a mostrar o pacotão
o centro da atenção
da coisa tão esperada
da pelada rasgada
o brilho da invenção.


No camim ajuntando
o povo bem curioso
aquele brilho assombroso
ia a todos levano
quando em casa chegano
soubero que se tratava
que ali presente estava
uma invenção deferente
de frio ficava quente
e pouco tempo bastava.

A cuzinha encheu de gente
de prefeito a lavrador
tinha minino e doutor
tudo foi ficano quente
os óio daquela gente
num fechava, num batia
num andava, num mexia
num sabia o que óiava
se subesse num contava
num contava o que sentia.

Pouco tempo passado
um susto tomou de conta
a comida tava pronta
o invento foi mostrado
pelo preço comprado
e pago na intenção
cumprida uma missão
uma invenção pru cuzido
dispois de ouvido o apito
A Panela de Pressão.

Foi nesse tempo atrasado
que o sertão se esqueceu
nessa cidade se deu
o feito apresentado
pelo casal bem casado
e este filho primeiro
que ainda há cunzinheiro
lá fazendo um mocotó
pois panela em Bodocó
essa sim, chegou primeiro.


______________________________
LITERATURA DE CORDEL
Por Marco di Aurélio
João Pessoa – Paraíba – Brasil
Março de 2001


História da primeira Panela de Pressão que chegou em Bodocó-PE, pelas mãos de Aurélio Barbosa de Carvalho, meu saudoso pai, nos idos de 1953.
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