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Cordel-->O Bode Azul -- 19/01/2002 - 15:03 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O BODE AZUL



A natureza foi feita
qual doce mel de urussú
flor regada no eito
com norte olhando pro sul
só não tinha conhecido
falar de um ocorrido
de existir um bode azul.

Tem bicho de toda cor
arara e periquito
o mundo cheio de flor
palmeira e seu palmito
agora vou lhe narrar
uma estória contar
d’um bicho muito esquisito.

O fato que aqui lhe conto
há muito tempo se deu
o povo que estava nele
por certo já pereceu
ninguém vai desmentir
o que vou contar aqui
até o bode morreu.

Existiam dois amigos
existia um caminhão
existia muito bode
existia um comilão
como se fosse oferenda
foi feita uma encomenda
pra se cumprir no sertão.

A partida era Recife
o destino o Ceará
a carga do caminhão
um partido de cará
ia voltar com fogão
Jangada de marca então
pra se vender no Ingá.

O chofer do caminhão
recebeu um bom pedido
pra trazer do Ceará
a encomenda do amigo
um bode ainda inteiro
sem ser pai de chiqueiro
e sem marca de umbigo.

Um bicho que fosse branco
sem ter no corpo uma pinta
sem ser magro nem gordo
de quilo menos de trinta
um animal bem formoso
que não pesasse no bolso
e que chegasse na quinta.

Era um pedido certinho
coisa de bom amigo
como toda encomenda
de razão e de castigo
você só ri porque não
essa difícil missão
não aconteceu consigo.

Chegando no Ceará
ou melhor, em Fortaleza
o chofer lá descansou
no meio d’uma tristeza
pois o pior começava
o bicho que procurava
não berrava numa mesa.

Tinha que procurar
na feira da redondeza
ou pela periferia
com sua melhor destreza
aquilo que assim pode
se parecer com um bode
com a maior da certeza.

Por um dia todo andou
foi um dia todo em vão
o bicho não apareceu
a terça se foi então
na quarta se viajava
para o Recife voltava
sem o cumprir da missão.

Mas o bom aconteceu
na manhã da quarta-feira
na saída da cidade
lá estava a beleza
na beira da rodovia
uma velhinha vendia
a obra da natureza.

Um bode todo branquinho
c’uns olhos de azeitona
c’um seu pelo penteado
parecendo sua dona
por melhor não se teria
a beleza que se via
o melhor bicho da zona.

Depois de muito trato
do preço bem discutido
a compra foi terminada
o aperreio esquecido
a viagem começava
ainda não se pensava
na prova do adquirido.

Foi quando em Messejana
no posto fiscal parado
o bode em cima da lona
o carro vistoriado
quando o fiscal descobriu
o bicho que ali subiu
logo lhe foi perguntado:

Pegou o bichim aonde ?
Comprei ele na estrada !
pode dizer a verdade
pois aqui tem muita cabra.
Eu sei do que aqui tem
mas este eu paguei bem
é encomenda comprada.

Mas não vão acreditar
na compra que você fez
cadê a nota fiscal
que mal pergunte outra vez
vão pensar ser um roubo
você vai passar por bobo
de posto são 36.

Vige Maria !!! não sei
o que agora vou fazer
me ajude na solução
pra isso não acontecer
pensei que tava acabado
o pedido encomendado
agora tou sem prazer.

O que posso imaginar
é o que sei bem fazer
só não sei se o senhor
vai deixar acontecer
o bode que se comprou
vai talvez mudar de cor
e o dono não vai querer.

Vige Maria !!! é o jeito
eu só não posso passar
no fisco que ainda falta
e o que se vai pensar
pois se eu nunca roubei
até agora não sei
se melhor idéia há.

Faça o que melhor vier
pra solução me ajudar
só não deixe o meu bichim
abrir a boca e gritar
faça devagarim
somente livre o fucim
e os ói pra ele olhar.

Chegando lá no Recife
vou tentar me explicar
de tudo que aconteceu
pra esse bode chegar
mesmo sendo sofrido
por cada canto escolhido
por registro do lugar.

E assim aconteceu
o bode e o motorista
em todo posto passado
se lhe fazia a revista
e na fiscalização
o bode de mão em mão
muita risada conquista.

Tal coisa nunca se viu
foi de chamar atenção
pois nenhum bode sentiu
tamanha humilhação
em cada canto passado
passou a ser registrado
debaixo de gozação.

Agora vou terminar
fechando o que ocorreu
partindo do Ceará
um bode que não foi meu
em cada posto passado
seu couro foi carimbado
que o roubo não aconteceu.

E a estória termina
com o chofer Cafuçú
tentando banhar o bode
da tinta que vei do sul
esfregando o carimbo
o bicho ficou mais lindo
tava feito o Bode Azul.

_______________________________
LITERATURA DE CORDEL
Por Marco di Aurélio
João Pessoa – Paraíba – Brasil
Agosto de 2001.
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