Voltou a si com outro grito de sua mãe:
_Sérgio, seu patrão está aqui!
_Já estou indo, respondeu com uma voz desanimada.
Ao sair do seu quarto deu de cara com Sr. Antunes sentado no sofá, e sua mãe fazendo sala envergonhadamente.
_Ao quê devemos a honra da sua visita, Sr. Antunes?, perguntou sem esconder uma ponta de ironia.
_Achei que sua mãe já tivesse lhe dito o motivo sa minha visita...
_A sim, ela disse, interrompeu Sérgio. É que não achei que fosse sério.
_Pois se enganaste, rapaz. Nunca falei tão sério na minha vida. E você sabe que eu sempre falo sério.
_Sim, eu sei.
_Mas o que acha do proposto?
_E minha opinião conta?, perguntou Sérgio sentando-se também no sofá.
_Não, não conta, interveio Hortência, já supondo a resposta de seu filho.
_Por mim esse casamento nunca acontecerá, disse Sérgio.
_Por sorte minha essa decisão não é sua, não é mesmo Dona Hortência?
_Sim Senhor.
Foi então que Clarinha saiu de seu quarto. Estava mais linda que nunca. Com um preto vestido novo, sua cútis clara se fazia ainda mais bela, apesar dos remédios, que lhe roubavam um pouco do frescor. Sorriu delicadamente a todos, o que deixou antever em sua boca seus belíssimos dentes alvos, que mais pareciam teclas de um piano novo. Sérgio não pode deixar de olhar à irmã com surpresa e desapontamento: ela tinha se preparado especialmente para aquele dia. Foi aí que a empregada chegou à porta da sala e anunciou com uma voz quase solene:
_O jantar está servido!
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