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Contos-->Os meus parentes. -- 12/11/2002 - 16:34 (Jose Angelo Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando eu era criança, e ía visitar minha tia Felicia, ficava abismado com o estranho costume do meu tio Oscar; após o almoço de domingo, com aquele cardápio que eu sempre gostei, ele se trancava no único banheiro da casa e, lá ficava a tarde inteira. Eu e meus primos, bricávamos num quintal grande, subido e pendurados numa goiabeira, e numa cerejeira, comendo os frutos, depois íamos ver o trem das 15 horas, passar cheio de vagão com destino a cidade de São Francisco do Sul.- SC. Após a passagem do trem, começava jogar futebol num campinho de terra, atrás da casa do meu tio e só voltava-mos ao pensar no lanche com pão caseiro, tipo alemão ou italiano. Com leite quente e açucar exposto na mesa da cozinha. Na verdade eu não sei se a vida era melhor naquele tempo, porque dificilmente guardo emoções de épocas, só sei que ainda não fora registrada pela nossa Literatura. Antes de ir até à mesa tomar o lanche, ía ao banheiro, lavar as mãos. A porta se encontrava trancada. Batia, meu tio respondia: está ocupado. Poxa, mas o senhor tá ai desde meio-dia , o que faço? faça no quintal, ele gritava. Eu o ouvia dobrar as páginas do jornal, A Noticia , de Joinville -SC. Eu corria até as goiabeiras e me virava sem problemas. E lava-va as mãos no tanque das roupas sujas. Até achava engraçado aquela liberdade, por hoje em dia temos as praias do nudismos. Se tenho alguma imagem da minha infância é a de meu tio Oscar More, estação ferroviária e o bairro da volta redonda onde eu e minha familia morava. Este meu tio todos os domingos, ficava várias horas trancado no banheiro. Quando ele abandonava seu posto, minha tia começava o atálho da limpeza, na linguagem tipíca do casal. Eu perguntava por que ele não conseguia ler o jornal em outro lugar, na sala por exemplo, ou na varanda?. Nunca ouvir sua resposta. Engraçado na minha memória o domigo só se encerrava quando terminava a missa com o padre Anibal as 19 horas. Só depois de alguns anos descobrir por que meu tio se refugiava no reservado. Estava em busca de sossego, Um amigo artista plástico, me conta que tem por hábito levantar duas horas antes de sua mulher e filhos, para não fazer nada. Quer dizer, para ler jornal e revistas no banheiro, fazer a barba, tomar banho, sem pressar o café da manhã . Participamos juntos de uma exposição coletiva de artes cubistas, em Santa Catarina, e o vi pedindo à moça da recepção do hotel, que o acordasse sempre muito cedo. Mesmo longe de casa, segue a rotina, como se a mulher e os filhos estivessem por perto. Por que ? Quis saber. É o unico momento do dia em que estou sozinho e posso pensar na vida, me respondeu, pensar no que irei fazer ao longo do dia. Lembro-me de um escritor que só consegue escrever quando todos na sua casa estão dormindo, ou escreve bem a noite ou levanta-se antes das galinhas. Um dia ele já me mostrou passagens de seus livros realizados enquanto a familia está acordado. De fato percebe-se um texto então nervoso, por que não ?, truncado. É porque neste momento - ele me conta, minha mulher pede tantas coisas, reclama, fica um inferno. Mas eu em particular como artista, poeta, contista; cada dia penso mais que o homem é uma espécie que busca seu esconderijo dentro da própria casa. Esconde-se da mulher, dos filhos, dos parentes, até dos amigos. Meu pai, Salvador, por exemplo trancava-se no quarto e lá ficava lendo jornais, a bíblia, cartas e outros, ouvindo a voz do Brasil pela radio tupi etc... Ele achava indispensável, naquela época da ditadura, estar bem informado , apesar da censura. Só aparecia em público quando ía ao bar tomar uma ceverjinha. Tinha também a estratégia de colocar o rosto quase dentro do jornal ou livro, então não ouvia e sequer via nada além de letras impressas. Eu estou desenvolvendo meus trabalhos como profissional da área de saúde, no Distrito de São José do Albertópolis. Chamado popularmente de Guaritá, há 30 KM do centro de Guaira-SP. Pego o onibus quase todos os dias, sempre levo o jornal Estado de São Paulo, e outras vezes o jornal O GUAIRA ou A CIDADE. Ao chegar no distrito, vou até o posto Médico e, começa chegar alguns moradores, perguntando SR. Angelo, trouxe o jornal? sim respondo, quero ler as ultimas noticias de Guaira. O que eu faço é importante, estimula á leitura, atualiza conhecimentos, porque os livros , os jornais, revistas etc... Dar ao leitor além do texto escrito, a capacidade de ser comunicar corretamente, usado uma linguagem coloquial mas apurado. Mas para finalizar este conto, acho que meu tio Oscar, ficava lendo no banheiro, por que já estava um pouco idoso. E quando acontece isso, a gente fica lento e sonolento.- -José Angelo Cardoso.-Poeta, contista , artista plástico.
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