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Contos-->O prisioneiro -- 15/05/2000 - 16:12 (Manoel Carlos Pinheiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sentado ao fundo da sala, a todos observa em silêncio. A discussão profissional mais parece briga de torcidas. Quando o impasse estiver configurado ele falará. Como sempre, serão poucas palavras, em voz baixa e pausada. Usará o conhecimento, a experiência e a observação. Se interrompido em sua manifestação, dará respostas rápidas e desconcertantes. Perde um amigo, jamais a piada.

Alguns o temem, outros o estimam, todos o respeitam. Metódico e organizado no trabalho. Mais sério que bode mijando. Ri com os olhos, seu humor é ironia pura.

Firme e duro, mais parece um lajedo. O distanciamento gentil dá a impressão de ser frio. Com delicadeza, sempre soube evitar os envolvimentos com as colegas de trabalho, seguindo o lema: "onde se ganha o pão, não se come a carne".

E parece praga de madrinha. Cada nova colega demora a percebê-lo, mas quando o faz, demonstra um interesse nada profissional. Não chega a ser assédio. Às vezes sente-se tentado. Antes, livre, não tinha tempo a perder.

Mulher pode ser bonita e sensual, dá para resistir. Serve para ver sem tocar. Mas quando tem senso de humor e sensibilidade, é um perigo. Um olhar cristalino, água pura. Um sorriso pueril, brisa silvestre. Água e vento. Tudo que pode corroer um lajedo, tirando-lhe lascas, provocando-lhe rachaduras.

Sempre disse: "casamento é tão ruim que vicia". Um dia achou que finalmente seria solteiro para sempre. Nada de horários controlados, nada de companhia fixa, nada de problemas domésticos. Livre para ir e vir, com quem bem desejar.

Ele a conhecia de ôbas e olás, nada nela lhe chamava a atenção de forma especial. Não representava qualquer perigo. Descuido fatal. Ao primeiro contato mais próximo, teve um ímpeto. Bobagem... ladrão não rouba perto de casa. E tudo voltou à rotina de cumprimentos em encontros esporádicos. Segunda aproximação. Discussões filosóficas, políticas, piadas, risos... Parecia o sapo enfeitiçado pela cobra: quanto mais esforço fazia para distanciar-se, mais estava à sua volta. Estava escrito nas estrelas.

As dificuldades financeiras, familiares, profissionais ou pessoais determinam o fim dos relacionamentos. Mas nada foi capaz de romper os elos de sua prisão. Lugar-comum de frases feitas e citações banais. Continua um sapo enfeitiçado pela cobra.

Manoel Carlos Pinheiro
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