A minha amante dá o que quero. Mais que isto: revela-me minhas fantasias, transformando-as em desejos. Desejos realizados viram necessidades básicas, como o ar que respiro. Ela sacia minha sede e minha fome de amor.
Gravitamos um em torno do outro. Adotamos o mesmo linguajar. Compartilhamos angústias e sonhos.
Às vezes, pouco a pouco, afasta-se, impacienta-se, esposa ranzinza.
Cão sem dono, rabo entre as pernas, aquieto-me a um canto. Latir pra quê? Ser enxotado? Melhor calar.
Com o tempo, ela sentirá que, mesmo ao seu lado, estou ausente. E, sedutora, com poucos gestos, me reconquistará e me tomará, outra vez, para si.
Amiga, companheira e amante, a minha esposa dá o que quero e mais que isto.
Manoel Carlos Pinheiro
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