O ambiente estava mais escuro do que no dia anterior. Temia que
que fosse acontecer uma tragédia. suas ásperas paredes pareciiam
mais inabaláveis do que antes. O ar, que deixara de ser puro há
muito tempo, agora começava a me dar tontura,apertando-me a
traquéia, engrossando a saliva. Há tanto que estava lá , mesmo com a
plena escuridão, conseguia ver todos os centimetro que me cercavam.
O chão, que sempre estivera úmido, era-me agora agradavel, aos
sons que escutava pela parede, eu também já me acostumava, sem
compreende-los porém. Eram sons descontinuos, ruidos que não
tinham o menor significado para mim. Não correspondiam a
qualquer tipo de comunicação ou alguma música. Não eram também
sons de passos, suspiros ou resfôlegos. Entravam a qualquer hora
e ficavam ecoando por um longo tempo, até sumirem totalmente.
Durante esta visita extra-cúbica, eu me concentrava em cada som,
como que apreciando-o, deleitando-me por aquilo que era tão
mistérioso. Pensava agir normalmente, apesar de não conseguir
imaginar muitas outras formas de comportamento diferentes do
meu, pois, certamente, aquela existencia limitada me atrofiara a
criatividade, que agora já não me fazia falta. A idéia que eu tinha
de vida quando jovem era muito abstrata e surrealista. hoje eu vejo
a vida, como uma grande aventura, no mundo contemporaneo. Onde
uma globalização poderá trazer uma união dos povos e, no mesmo
tempo um comflito entre os povos,( Nações ricas e nações pobres).
A forma que meu mundo tinha, o que ele se deixara mostrar, seus
sons e marcas em conjunto, não podia ser chamado de vida. E
talvez por isso repulso o sentido de morte. Até porque minha
segunda vida profissional, é a enfermagem, curar, aliviar dor,salvar
vidas humanas. Entre muitas das definições que dei ao meu
comportamento, uma era que eu sou um observador, um contista,
um espectador, um artista humilde, um estudioso e historiador.E,
em minha consciência, acreditava ser livre. Desse jeito me sentia
melhor, sentia-me dono de mim mesmo, apesar de nenhum proveito
tirar desse poder, pois meu mundo não podia ser modificado, e só
presente me importava, porque sou um poeta, e o poeta é capaz de
olhar para o seu tempo e si mesmo, perceber aonde vai um amor,
uma vida, um povo, ou toda a humanidade e a partir disso deixar
escrito os poemas , denunciando os problemas e as alternativas.
Amigo leitor, escrever pode parecer fácil. um embaranhado de
palavras, para os desentendidos, a poesia acha os leigos, de
coisa sem menor importância. Acontece que a poesia nasce
junto com a vida, atravessando séculos, guerras, catástrofes,
sem nunca perder sua identidade, seu poder de fogo, retratando
a história, o tempo. O seu significado se funde perante os fatos.
Sua visão infinita, faz com que os verdadeiros poetas sejam
cumpridores de uma árdua missão, onde profetizam a dor, a
alegria, o amor,o sonho, a vida.
-JOSE ANGELO CARDOSO.-Poeta,contista, artista plastico.
Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras. -SP.
|