Recebi a tempos atrás, da Bliblioteca Nacional, um exemp
livro Poesia-sempre, com textos bem variados, que vem da poesia
Brasileira, Luso e Francesa. Vejo a tendência notável na poesia
Brasileira contemporânea é a retomada de pontos rejeitadas pelo
modernismo e, noutro sentido pelas vanguardas. Recuperam-se a
palavra e os artificios usados para explorá-la , na tentativa de
catalisar sua força expressiva. A obsessão do cotidiano vinda dos
mordernistas acabou na confusão do anti-poético. E, ao perigo da
afasia, se opôs a exuberânça barroca dos jogos verbais. Eu
também observo o exercicio critico que se acentou depois da
geração de 45 e, na sequência, das vanguardas. Acho que as
tendências atuais apontam para o resgate daquilo que o modernismo
e a vanguarda deixaram pelo caminho; em uma paisagem na qual
até mesmo a vertente parnasiana pode ter seu retorno. Acrescente-se
a isso a falência de dogmatismos e leituras reducionistas. Vejo
isso porque tenho participado de várias antologias Nacional e
internacional de poesias, concursos, congressos, intercambios
culturais, pelo Brasil inteiro. É um panorama que se delineia.João
Cabral de Melo; continua a passar por um processo de revisão. O
mesmo acontece com o poeta maior Drummond. E Cecilia meireles,
tema de estudos que vão revelá-la numa versão inédita. Para
ficarmos com os nomes em geral tidos por importantes da poesia
Brasileira no século passado. Ao lado disso a busca das fontes na
Literatura Brasileira, Portuguesa e internacional, acho que o processo
aponta para o rompimento com a ingenuidade. Autores vivenciam
a poesia como linguagem de ponta. Percebem que a ingenuidade
não se sustenta e chegam ao ponto fundamental e antigo, mais uma
vez, que poesia é fazer, tentar fazer, tentar saber fazer. Há casos
em que não seria dificil encontrar tracos parnasianos. O mesmos
furor didático se verifica com os concretistas, que à parte os rumos
próprios, são em grande parte responsável pela maneira de se ler
poesia no país. As leituras mais recentes de poesia traduzida são
um indicador. Em vez da geração beat, emblema dos anos 50-60,
cheio de autores descartáveis na primeira esquina, preferem
traduzir escritores como Wallace Stevens, William Carlos, W.H.Audem
ou Rafael Alberti. A Mistura de poesia e prosa tem exemplos fortes,
mas o que eu observo é a exacerbação da linguagem especificamente
poética, com versos, métrica, inclusive rima. Devemos lembrar que
uma passada pelos próprios modernistas mostrará grande
quantidade de métrica e rima. Acho que o processo aponta para
o rompimento da ingenuidade mesmo.
-JOSE ANGELO CARDOSO.- Poeta, contista, artista plastico.
Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras.-SP.
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