Usina de Letras
Usina de Letras
54 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62381 )

Cartas ( 21335)

Contos (13272)

Cordel (10452)

Cronicas (22545)

Discursos (3240)

Ensaios - (10437)

Erótico (13578)

Frases (50767)

Humor (20066)

Infantil (5480)

Infanto Juvenil (4800)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140860)

Redação (3318)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1962)

Textos Religiosos/Sermões (6229)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A GAROTA DO ALMANAQUE -- 31/07/2001 - 20:13 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






A GAROTA DO ALMANAQUE



Quando a gente para e pensa as coisas perdem o sentido. Por isso não me preocupo muito. Deixo elas correrem, sem perguntar se é possível, se é real, o mundo que nos rodeia, a realidade que bate e entorpece nossa consciência . Esse universo é complexo, falso, cheio de armadilhas, efeitos especiais, truques que nos fazem acreditar em coisas que não existem.
Há mais de uma semana me refugiei no meu dormitório e me nego a sair. As vezes tomo banho e as vezes vou ao banheiro, porque também não sou de ferro. Minha mãe bate na porta, murmura meu nome, me chama de tesouro e me alcança a comida. Como pouco, quase nada, a comida me produz náuseas. Veio meu amigo Rubito e tentou me levar para a rua; se chateou de tanto esperar e foi embora bravo. Me dói alguma coisa aqui, n’ alma, falei, e ele, que é muito certinho, não acreditou.
Ontem choveu. Caíram gotas grossas e pesadas, gordas e cinzentas. Abri um pouco a cortina e vi que a área de serviço estava inundada. Fechei as cortinas e voltei para a cama. Acho que dormi ou não dormi?
O que pretendo dizer, melhor dito entender, é que repentinamente as coisas começaram a ter sentido e a garota maravilhosa e sensual, que me olhava da parede, da folha do mês de agosto, do calendário, mexeu-se e aproximou-se de mim. Era grande e muito mais bonita. De seus lábios vermelhos, feitos para o amor, floresceram doces palavras, que caíam na minha alma como mel. Mas... como?, eu me perguntava. Me fizestes carne, me fizestes mulher, murmurava ela. Como pode uma garota de almanaque se transformar numa mulher de carne e osso?
Não tem importância. Agora mesmo está caminhando até mim, saindo da parede ou do velho roupeiro; trazendo um suave perfume de alfazema e sonhos. Já não quero perguntas, muito menos respostas. Desejo mergulhar no seu corpo jovem e vibrante, com cheiro de loucura e gosto animal. Desejo naufragar na sua carne, afundar no seu espírito e já não ser. Nunca, jamais.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui