Ia te escrever logo hoje pela manhã, mas não dormi, virei a noite vendo filmes e saí bem cedo. Desculpe-me a ausência de escrita, estou sem tempo até para rabiscar meus papéis. Mas hoje, querido, lembrei de você na fila do banco: um cara (a sua maneira) resolveu reclamar dos gastos diários. Eu sorri inocentemente e ele me protestou, exatamente como você faria.
Ia te escrever logo hoje pela tarde, mas os carros buzinaram suas ofensas em meu ouvido. Andei tanto pelas ruas atrás de uma pauta bem feita e esqueci que você, apesar de tudo, ainda é minha tão sonhada reportagem. Caí em desespero lá para a hora em que o sol vai embora. Estava longe de casa e avistei o mar. Percebi que era um grande percurso até minha casa e resolvi sentar-me na areia da praia e esperar que o sol se fosse.
Ia te escrever logo hoje à noite, mas tive que arrumar o quarto inteiro. Mudei tudo de lugar para que pudesse ter a impressão que eu mudaria. Em uma determinada vez olhei, em minha cama, o seu travesseiro. Esqueci de devolve-lo. Liguei para sua casa e não te encontrei. Transformei o quarto em outra morada e esperei pela hora de dormir.
Ia te escrever logo agora no começo da madrugada. Pensei seriamente no caso. Olhei o computador vazio, sem tecladas e fui em frente, mas quando comecei, você apareceu aqui em casa..
Então, outro dia te escrevo...
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