Carolina,
Você ainda era pequenina quando eu gritava o nome do seu irmão no portão da casa. Ele era o rei, o menino da rua, o amigo de infância. E com isso, nem te vi crescer. Não percebi que logo cedo você deu passos traçando textos por entre um papel e outro. E só hoje fui reparar que sua paixão de leitora foi cair logo onde o meu coração está.
Não sei se devo dizer a você para crescer logo ou para ficar do jeitinho que é. Não sei se devo te mostrar o quanto se perde ao perceber que outros escrevem o que não queremos ler. E sei, que não poderei te mostrar o caminho que leva a tantas leituras solitárias em meio a amantes diversos, porque tudo será seu por direito.
Mas posso pedir para que viva, constantemente com o frescor nos olhos, com as mãos doídas de tanto escrever, que saiba onde encontrar aquele amor que virá cedo ou tarde. Sinta que os livros são amigos que mostrarão o resumo de cada vida e mais, seja sempre a alegria em forma de poesia.
Ainda olho para a varanda da sua casa esperando o aceno do seu irmão, mas também espero que, ao lado dele, você esteja lá sorrindo.
“Minha vida é um único dia. E é assim que o passado me é presente e futuro. Tudo numa só vertigem. E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma”.
Clarice Lispector